ELIAS JABBOUR: China: A necessidade de construção de uma nova conceituação

ELIAS JABBOUR: China: A necessidade de construção de uma nova conceituação
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A experiência chinesa, dada seus últimos desenvolvimentos, é algo de ainda difícil conceituação. O marxismo é uma ciência aberta e que se desenvolve sob forma de novas respostas a questões que vão sendo postas historicamente.

O caso chinês nos coloca novos desafios teóricos, pois a mudança qualitativa de seu modo de produção dominante interno àquela formação econômico-social praticamente aposenta as variações do marxismo e da teoria econômica heterodoxa voltadas a compreender um modo de produção determinado historicamente, o capitalismo.

Se muda a face do sistema, devem ser mudadas as teorias correspondentes ao novo estágio de evolução. Estamos assistindo a exatamente isso na China: um esgotamento das teorias explicativas daquele fenômeno. A incapacidade da ampla maioria dos marxistas de se depararem com uma realidade nova tem tido como resposta o velho e conhecido refúgio no “velho” e bom “capitalismo de Estado”.

Além de se tratar de uma noção a-histórica, vazia de conteúdo e vaga de sentido (afinal Estado e mercado é um elemento único interno ao organismo econômico), é estranho encontrar capitalismo em uma formação econômico-social onde 1) não existem instituições políticas liberais; 2) a propriedade privada não se comporta como o setor dominante da economia e 3) onde a burguesia não exerce poder político.

É possível encontrar socialismo na China? A resposta a esta questão vai depender dos conceitos escolhidos para enfrentar aquela realidade. A meu ver, superar a incapacidade dos marxistas em decifrar aquele enigma passa pela ressignificação e utilização plena da conceito de formação econômico-social.

Se é verdade que não existe verdade fora da totalidade, é também verdade que o único conceito marxista capaz de nos instrumentalizar no sentido de uma conceituação “total” de um fenômeno é o conceito de formação econômico-social.

Vejo aí um ótimo ponto de partida. É a partir dela que proponho observar aquela experiência como a primeira de uma nova classe de formações econômico-sociais de caráter complexa, porém indicando estratégia de tipo socializante. Imperfeita e longe de uma forma estática ideal.

Continuarei este raciocínio mais tarde.

Por Elias Jabbour