ELIAS JABBOUR: Fazer o quê?

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Não é mais segredo para ninguém que teremos mais um ano de crescimento pífio. O desemprego voltou a subir e a capacidade ociosa na indústria já beira os 40%. A taxa de investimentos (um ótimo indicador à verificação do nível de barbárie social) está em 15,5%. Este índice na China, que necessita gerar 13 milhões de emprego urbanos ao ano, está acima dos 40% há anos. No caso brasileiro uma taxa mínima para somente manter o atual nível de (des) emprego seria de 18%.

Liberais afeitos ao fascismo aterrorizam a sociedade com a necessidade de uma propalada reforma da previdência e a venda de mais patrimônio público. Os bancos estatais já são fustigados publicamente por um ministro da economia que parece viver sob pressão da vida e da morte para entregar a abutres o futuro de 210 milhões de pessoas. Nem economistas ortodoxos alemães, nem tampouco meus amigos economistas liberais chineses entenderiam essa obsessão por abrir mão de ativos bancários em épocas de certeza zero por parte dos investimentos privados.

A mentira virou verdade. Desde alunos de economia até donas de casa são levados a acreditar que o problema do país é o Estado. Afinal o Estado está longe das pessoas. E quando comparece é para matar, de forma seletiva, negros e pobres. A urbis, no capitalismo periférico sem perspectivas, transforma-se num Moloch que a tudo devora. Inclusive os sonhos que só podem ser renovados no momento em que o empresário olhar para o orçamento público e decidir investir sozinho e solitário, pois o Estado está fazendo sua parte ao se abster de gerar demanda efetiva. Certamente os empresários varejistas afeitos ao fascismo que hoje financiam uma blitz pela reforma da previdência não utilizaram este argumento para tomar emprestado dezenas de bilhões de reais de nosso BNDES.

O que restou de consciência na sociedade se bate em questões caras aos revolucionários russos do início do século XX. Que fazer? Se render diante da realidade, esbravejar e eleger o vizinho como inimigo? Aceitar a pauta e o campo de debate proposto pelo presidente como parece ser o rumo também escolhido pela “resistência”? Ou, o mais difícil, que é fazer política grande e aceitar o desafio de unir o país? E desde já digo que unir um país heterogêneo como o Brasil é tarefa de gigantes que não aceitam a pauta de “resistência” como variável estratégica. Aceitar este desafio é colocar o particular no plano da totalidade. É fazer política dentro e fora da bolha não se utilizando da gritaria e do ódio como argumentos. Este método de ação deixemos para os nossos inimigos.

A tarefa é óbvia. Unir os mais amplos setores da sociedade contra o atual estado de coisas. Não existe saída fora da política ainda mais quando liberais não neoclássicos já começam a serem chamados de comunistas e perseguidos por convicções democráticas. Mas não chegaremos longe com bandeiras do passado. Não fazemos história sob condições escolhidas por nós e devemos saber que a tarefa de unir o país e reconstrui-lo não será tarefa simples a ser executada por está ou aquela força política “iluminada”.

Ignacio Rangel, o maior pensador da brasilidade, nos alertara sobre os riscos das nações que se negaram o direito de se desenvolver. Todas elas pereceram. O Brasil corre este risco. Logo, devemos construir e mostrar à sociedade um caminho de futuro. Uma rota por onde seguir. E como seguir. É crível a necessidade de não aceitarmos o jogo e os termos do jogo propostos pelo inimigo sob forma de uma polarização que só interessa, em Clauzewitz, a quem tem a iniciativa de combate. Não é o nosso caso: estamos em franco processo de isolamento desde 2016. A única saída é a amplitude. Observamos o grande jogo que está sendo jogado. Ninguém mira em jogar na descrença do poder legislativo e do STF sem nenhuma boa carta na manga.

Existe método na loucura, sim. O que virá poderá ser um 1964 sem o instituto da correção monetária e, muito menos, um 2° PND. Poderemos acordar num Chile miserável com mais de 200 milhões de habitantes. A nação está em perigo. A bandeira nacional e o lema “Brasil Acima de Tudo” devem ser honrarias nossas. Não deles.

Por Elias Jabbour