Frente Nacional Antirracista é recebida na CBF

Por Júlio Cesar Santos - Seguindo uma agenda de desarticulação da cultura racista no futebol brasileiro, a Frente Nacional Antirracista, representada por integrantes do movimento negro, foi recebida na sede da CBF, pelo presidente Rogério Caboclo, apresentamos programas de combate ao racismo no futebol brasileiro.
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Por Julio Cesar Silva Santos – Seguindo uma agenda de desarticulação da cultura racista no futebol brasileiro, a Frente Nacional Antirracista, representada por integrantes do movimento negro, foi recebida na sede da CBF, pelo presidente Rogério Caboclo, apresentamos programas de combate ao racismo no futebol brasileiro.

Todos sabemos, que os privilégios raciais também acontecem no futebol, desde o papel que os negros ocupam, como gandulas ou jogadores, mas os cargos que exigem certa qualificação técnica profissional, como árbitros, auxiliares, técnicos, preparadores físicos, dirigentes, são destinados aos brancos.

Os negros estão disponíveis a realização do espetáculo, mas não servem para dirigir o espetáculo, tal situação se reflete em todas as relações sociais. Podemos observar o caso dos goleiros, poucos são os profissionais negros, e isto tem relação principalmente com questões do imaginário social, em momentos decisivos como na cobrança de pênaltis, não é salutar atribuir tal responsabilidade.
No âmbito do futebol, outro drama enfrentado pelos jogadores negros, é o racismo recreativo, a ideologia construiu uma cultura totalmente discriminatória, e muitas vezes em forma de brincadeiras, são discriminados pela raça, o que emocionalmente desestabiliza qualquer ser humano e causa feridas profundas na alma. No caso das mulheres negras, a questão interseccional é mais crítica, são camadas de dor somadas aos seus corpos, devido questões de gênero, raça e orientação sexual, pois o futebol é visto nas mentes preconceituosas como esporte de homem, se as mulheres decidem praticar, sofrem com a cultura homofóbica.

As sanções no futebol, aplicações de cartão e restrições recebidas por instancias superiores, projetam a mesma influência da cultura autoritária do judiciário brasileiro, onde as penalidades sofridas pelos jogadores afrodescendentes, são na maioria das vezes desproporcionais, fruto dos privilégios da branquitude, estruturante da sociedade. Estes episódios são reproduzidos em todos os esportes, configurando o que denominamos racismo institucional nos esportes.

Visando superar os desafios mencionados, entre as propostas apresentadas pela Frente Nacional Antirracista, estão as campanha publicitárias, destacando o protagonismo e a importância da cultura negra, ações afirmativas para a inclusão de negros no mercado do futebol, não somente em cargos de pouca visibilidade, conhecidos vulgarmente como lugar de preto, mas com a perspectiva de mobilidade funcional, agregando mais valor a seara do futebol, e também projetos de formação antirracista, construindo uma nova narrativa, não somente nos bastidores do futebol, mas também nas arquibancadas, almejando o fim das discriminações de torcedores, sofridas por jogadores e comissão técnica.

É imperioso uma postura antirracista no futebol, que envolva todos seus atores, tivemos recentemente no campeonato da Liga dos Campeões da Europa, um protesto veemente dos jogadores, quando saíram de campo após o quarto arbitro romeno Alberto Coltescu, ser acusado de racismo, ao deferir ofensas racistas

“Aquele preto ali. Vá lá e verifique quem é. Aquele preto ali. Não dá para agir assim”, afirmou Coltescu, a Hategan (arbitro), se referindo ao camaronês Webó da comissão técnica do time turco.

Webó questionou Coltescu muitas vezes, revoltado: “O que você falou? Por que você falou preto?”

“Você nunca diz ‘esse cara branco’, você diz ‘esse cara’. Então por que você está mencionando ‘cara preto’? Você tem que dizer ‘esse cara preto’? Por quê?!”

O entendimento coletivo dos jogadores de sair de campo, foi um marco na luta antirracista, demonstrando não podemos naturalizar práticas discriminatórias e a desconstrução da identidade racial do negro.

A afirmação de Webó, é assertiva, demonstra o fenômeno da racialização, onde os seres humanos são separados por raça, mas dificilmente alguém é visto como aquele homem da raça branca, ou seja, mundialmente as democracias são sabotadas pelo racismo.

O futebol também é um local propicio para reprodução das condições de poder, a conexão do racismo no futebol aos privilégios de raça, estabelecem uma hierarquia racial e um cenário meritocrático ilusório.

Os negros no futebol, jamais serão fração do problema, mas parte definitiva da solução, exigem respeito e condições dignas de sobrevivência, a Frente Nacional Antirracista compreende esta luta e pelo bem do esporte atuará ativamente.

Por: Julio Cesar Silva Santos.

Por Júlio Cesar Santos - Seguindo uma agenda de desarticulação da cultura racista no futebol brasileiro, a Frente Nacional Antirracista, representada por integrantes do movimento negro, foi recebida na sede da CBF, pelo presidente Rogério Caboclo, apresentamos programas de combate ao racismo no futebol brasileiro.