Getúlio Vargas e a Segunda Guerra Mundial

Getúlio Vargas e a Segunda Guerra Mundial

Getúlio Vargas e Roosevelt.

Durante o período de Segunda Guerra Mundial (1939-1945) o Brasil estava sob a gerência de Getúlio Vargas com uma postura de neutralidade durante os primeiros anos do conflito, gerando uma narrativa pela qual Vargas era aliado da Alemanha Nazista e da Itália Fascista por não estar ao lado das potências democráticas aliadas. Vargas ascendia ao poder pela Revolução de 30 e começa estabelecer uma série de transformações sociais e econômicas no Brasil, estabelecendo as bases para o nosso setor industrial brasileiro, assim rompendo com a dependência econômica restrita ao setor agrícola. Para avançar nas questões econômicas o Brasil necessitava de apoio das potências econômicas e Getúlio Vargas com sua notória habilidade política conseguiu manter o Brasil economicamente e diplomaticamente neutro.

Com o desenrolar da Guerra as pressões internas e externas para o Brasil entrar no conflito ao lado dos aliados se intensificavam. Externamente os Estados Unidos pressionam o Brasil para ingressar no conflito oferecendo apoio econômico. Internamente, elites econômicas, movimentos de estudantes e demais setores da sociedade pressionavam o governo para entrada na Guerra. Os comunistas entusiasmados com o combate ao nazi-fascismo, já que vinham enfrentando os integralistas, também desejavam  a entrada do Brasil na Segunda Guerra, pois junto com os aliados estava a União Soviética.

Em 22 de agosto de 1942 após ataques de submarinos alemães navios da Marinha Mercante brasileira, o Brasil se viu na obrigação de declarar apoio aos aliados, mas com contrapartidas econômicas. Roosevelt negociou com Vargas e se encontraram em Natal, Rio Grande do Norte, onde trataram da colaboração no esforço de guerra e outros assuntos como incremento da produção da borracha na Amazônia, fundamental para a fabricação de material bélico pelos Estados Unidos.  O Nordeste era estratégico geograficamente para as operações militares no norte da África, por isso fundamental a utilização do Porto de Natal e da Ilha de Fernando de Noronha. E o governo Getúlio Vargas usou esse trunfo para obter uma importante vantagem econômica: a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).  A CSN ficava localizada em Volta Redonda considerada o berço da industrialização nacional.

A Força Expedicionária Brasileira (FEB) é criada com os “pracinhas”, que desembarcaram na Europa em Julho de 1944, ajudando os estadunidenses na libertação da Itália frente aos exércitos da Alemanha Nazista. O símbolo da FEB era uma cobra fumando, devido a uma anedota que era mais fácil uma cobrar fumar do que o Brasil entrar na guerra. Os aliados derrotam as forças nazi-fascistas e os soldados brasileiros retornam ao Brasil “americanizados”, questionando o autoritarismo do Estado Novo.

Getúlio Vargas demostrou a atitude que um chefe de estado deve praticar perante um conflito de proporções mundiais. Entrou na guerra com os aliados garantido conquistas enconômicas para o Brasil e pela necessidade de combater o nazismo.

A neutralidade nos primeiros anos de guerra foi devido a necessidade de o Brasil manter negócios com as grandes potências de ambos os lados, pois estávamos começando a nos estabelecer definitivamente como nação, e pela simpatia de algumas membros do governo como     o ministro da Justiça Francisco Campos, o ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, o chefe do Estado-Maior Góes de Monteiro e o chefe da polícia da capital, Filinto Müller. Sem apoio dos militares Vargas cairia, pois a política é a arte de lidar com essas contradições. O Ministério das Relações Exteriores, comandado por Oswaldo Aranha era simpatizante das democracias liberais e foi fundamental nas negociações com Estados Unidos. Getúlio Vargas era adepto do positivismo de Júlio de Castilhos, o “castilhismo”, e seu governo foi baseado nesse ideal, e não o do Fascismo. O Estado Novo teve posturas autoritárias e houve falhas também, mas essa narrativa de que foi um regime fascista é oriunda de analises errôneas e anacrônicas da época.

Por Ivonei Lorenzi (Potter) acadêmico de história e filiado ao PDT.

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