Guerra às drogas, capitalismo e a cocaína no avião presidencial

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No capitalismo, ao contrário dos modos de produção anteriores, a dominação política não aparece como uma relação de subordinação direta. O Estado burguês não atua, por exemplo, a partir do discurso “vamos prender e reprimir os trabalhadores para garantir a propriedade privada e a riqueza da burguesia”. Na ordem burguesa a dominação assume a forma impessoal, técnica, legalista. Aparentemente, o Estado atua apenas contra a criminalidade, às drogas, assaltos, garantia da lei, ordem etc.

A partir disso, todo um aparato gigantesco de dominação de classe, dominação constituída pela dinâmica racial do país, é legitimado como, apenas, uma política de combate às drogas. A famosa guerra às drogas serve como elemento de legitimação, estruturação e operacionalização desse aparato de repressão e extermínio permanente. Não que essa ideologia seja a única possível. É que concretamente, no Brasil e na América Latina, é uma das principais ideologias do poder político de classe.

Dado essa importância estratégica do proibicionismo, questões básicas sobre o tema não podem ter peso de massas no debate público. Por exemplo, o proibicionismo nunca reduziu o consumo de qualquer droga numa sociedade capitalista. Assim como um negócio capitalista dessa proporção não consegue operar sem uma estrutura bancária poderosa para lavagem de dinheiro. Que bancos, fundos de investimento e afins operam isso no Brasil e no continente?

Por questões assim é normal, na lógica antidrogas burguesa, no país onde a polícia mais mata no mundo, muitas dessas mortes justificadas a partir da guerras às drogas, um militar na comitiva PRESIDENCIAL portar 38 quilos de cocaína. Assim como toda alta burocracia da Colômbia ser envolvida com o tráfico de cocaína.

Hoje mesmo nas favelas e morros, vão matar e prender em nome da guerra às drogas enquanto o avião presidencial é veículo de tráfico internacional.

Não é sobre drogas. É sobre luta de classe e racismo.

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