GUSTAVO CASTAÑON: Evita, o quê?

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Tabata está sendo esperta a médio prazo, mas estúpida, ou ao menos, pouco ambiciosa a longo prazo.

O que ela faz agora, de forma rápida e atabalhoada, eu vi acontecer em riqueza de detalhes e informações com Garotinho vinte anos atrás.

Ela calcula acertadamente que não precisa mais de Ciro e do PDT no momento, que vivem o período de seca e não tem perspectiva imediata. Opta então pelos elogios da mídia, os espaços na TV corporativa abertos por Huck e amigos, e se precipita adiantando sua estratégia de denunciar a falta de democracia e espaço interno num partido onde entrou há pouco mais de um ano e onde já ocupava o conselho político e a vice presidência em São Paulo.

Miro conseguiu tudo isso por anos no PDT mas era um político experiente, que entendia as linhas que podiam e não podiam ser cruzadas.
Já Tabata, sem experiência alguma e dotada de muita autoconfiança, o que é natural dada a extraordinária história de vida, não teve habilidade para caminhar nessa corda bamba por muito tempo, no primeiro tremor se jogou para a rede à direita.

Assim troca a possibilidade de se tornar uma self-made Evita brasileira para se tornar um Garotinho, mas em escala dezenas de vezes menor.

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Vai manter a proteção e os tapetes da mídia, mas sem o carisma de defensora dos excluídos que era seu diferencial.

Fora de um partido de esquerda, não terá muito a barganhar com a direita brasileira, será uma deles.

O dinheiro e a exposição vão garanti-la mandatos enquanto ela tiver saco, depois, um excelente emprego em alguma ONG como ela mesmo já adiantou.

Ao invés de ajudar a mudar o Brasil, vai ter uma vida tranquila ajudando a mudar vida de algumas pessoas nas franjas do sistema, operando para legitimar a visão de mundo do liberalismo econômico no nono país mais desigual e primeiro mais violento do mundo.

Não é algo a se condenar muito menos a satanizar, somente a lamentar, muito.

Tem a história e a capacidade, mas talvez falte o mais importante: O espírito.

Mas isso quem tem que julgar não sou eu, que não a conheço, é ela própria.