O custo da hegemonia liberal: e os trabalhistas?

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“A velha democracia liberal, a capitalista, está em franco declínio, porque tem seu fundamento na desigualdade. A ela pertencem, repito, vários partidos com rótulo diferente e a mesma substância. A outra é a democracia socialista, a democracia dos trabalhadores. A esta eu me filio. Por ela combaterei em benefício da coletividade.” – Getúlio Vargas

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Perdemos a narrativa sobre o Golpe de 64 já há décadas e muitos atores políticos não entenderam até agora, um exemplo disso foi o embate nas eleições de 2018.
Entramos na onda de defender a democracia sem vincular à real disputa de projetos de nação que havia em 64 e que deveria haver hoje.

Não discutimos quem foi João Goulart, Leonel Brizola e o projeto do Velho PTB de Getúlio – que fundaram o PDT posteriormente. Não associamos aqueles militares à vassalagem e ao empobrecimento do povo, inclusive no âmbito da violência nas cidades.

Fizemos da Democracia, sem poder do povo, uma abstração que hoje também não faz sentido para as maiorias.

A Nova República foi essa tragédia. Barbaridades como o Plano Nacional de Desestatização de Collor, o Plano Real de Itamar, as privatizações em massa FHC e a desilusão do Lulismo. Todos esses comemoraram o retorno da democracia, mas sob uma condição: sem o projeto que fora golpeado, o projeto trabalhista. Foi por isso que Brizola não foi eleito chefe da Nação.

Então não adianta o meu companheiro e líder Ciro Gomes, se apoiar em denunciar o “populismo” ou criticar Bolsonaro por ter sido contra o Plano Real. Essas acusações são feitas contra nós trabalhistas. Brizola, Jango e Getúlio foram acusados de populistas, inimigos da abstrata democracia liberal e o PDT foi CONTRA o Plano real. Desta narrativa, basta vindo dos nossos algozes.

O foco deve ser continuar a firmar os interesses diretos do povo mais pobre: emprego, desenvolvimento e apontar as contradições entre a estética nacionalista e a prática entreguista de Bolsonaro.

Vimos, mais uma vez, no último Roda Viva de Ciro que nem a grande imprensa se importa com a Democracia. Hoje, escrevendo no aniversário do Golpe de 64, lembro daquela capa do Globo deste dia. Não se arrependeram do que fizeram contra a Nação. Sabemos que fariam e fazem tudo de novo. Somos nós por nós.

Os Trabalhistas, filiados à causa nacional-popular, precisam demarcar o seu discurso de maneira mais assertiva. Mais do que discutir a “natureza” da burguesia nacional, é hora dos quadros, dirigentes e parlamentares alinharem de vez o discurso nacionalista, sem medo de ser mal falado pelos jornalões.

Se conseguimos governar esse país por mais de duas décadas, fundamos o Brasil Moderno, garantimos indústria, direitos trabalhistas, soberania nacional e desenvolvimento como nada parecido no Hemisfério Sul, não foi se apegando em abstrações democráticas ou com medo do real embate político. Somos grandes porque mostramos nossas ideias, não foi por medo de pesquisa eleitoral da DataFolha.

Bolsonaro apresentou uma linha e uma vida política anti-nacional contra o desenvolvimento. E hoje posa como patriota e defensor da economia nacional, mesmo sendo um criminoso lesa-pátria. Ainda de quebra, é visto como anti-Globo, mesmo defendendo o mesmo projeto de país.

Patinamos lá e cá. Hoje, quem julgamos como burro tem nadado de braçada. Defende projetos anti-Brasil com tranquilidade.

Por Matheus Bizzo, estudante de História da UFF, assessor parlamentar, membro do Diretório Metropolitano do PDT e da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini