A lógica por detrás do ilegal contingenciamento de verbas da UnB, UFF e UFBA

A lógica por detrás do ilegal contingenciamento de verbas da UnB, UFF e UFBA
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O ilegal contingenciamento seletivo de verbas de universidades onde ocorreram manifestações antifascistas – UnB, UFBA e UFF – durante a campanha eleitoral me parece fazer parte de uma estratégia clara:

1 – Provocar uma guerra civil interna nestas universidades entre grupos neutros e conservadores pro-governo contra grupos anti-governo com o objetivo de voltar uma boa parte dos professores e dos alunos contra os grupos anti-governo, que tenderão a ser culpabilizados pelos cortes;

2 – Intimidar grupos anti-governo em todas as demais Universidades e sinalizar com apoio grupos que desejem se alinhar à pauta do Governo;

3 – No pano de fundo, a ação de contingenciamento e a esperada guerra civil interna nas Universidades visa também fortalecer a posição anti-humanidades e pro-profissões voltadas ao mercado capitalista defendida pelo governo e, certamente, por alguns grupos conservadores no interior das universidades;

4 – No longo prazo, a meta é, em primeiro lugar, (i) destruir, de fato, a autonomia universitária ao fazer ascender ao poder apenas os grupos alinhados à pauta governista;

5 – Na falta de alinhamento – ou mesmo com ele, não dá para confiar nesse governo, ele poderá muito bem trair os seus eventuais aliados – uma segunda meta futura parece ser (ii) o sucateamento paulatino e a entrega do ensino superior ao mercado, sem demissões é claro, mas com corte de novas contratações, com o fim de investimentos, em suma, um processo de desmonte por falta de manutenção e ampliação necessária do ensino superior público e gratuito.

Os primeiros passos para resistir a esta investida parece ser (1) questionar judicialmente a legalidade da medida; (2) pressionar a opinião pública nacional e internacional evidenciando o caráter autoritário da medida, (3) tentar construir uma unidade política interna nas Universidades para evitar a guerra civil e conter os grupos entreguistas pro-governo.

Por Jose Rodrigo Rodriguez, professor da Professor da UNISINOS e Pesquisador do CEBRAP