Imprensa esconde e blinda política genocida de Guedes e Bolsonaro

Imprensa esconde e blinda política genocida de Guedes e Bolsonaro wellington calasans
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Vejo no G1 da Globo: “Menina de 7 anos escreve carta pedindo ajuda após pai perder emprego no DF: ‘Estamos passando fome’. Bilhete de 30 linhas foi entregue a policiais militares. Após apelo, grupo arrecadou doações para família.” Este não é um caso isolado. É a situação de milhões de famílias num país pandêmico. Como uma nau à deriva, Brasil é hoje um exemplo trágico de como um povo pode ser conduzido ao abate sem que as palavras holocausto e genocídio sejam citadas pela imprensa.

Com algum esforço, até é possível encontrarmos vozes dissonantes que fazem o necessário contraponto ao que é dito ou escondido por esta imprensa cúmplice daquilo que fingem não existir. A falsa briga da Rede Globo com Bolsonaro jamais poderá nos levar a esquecer que este grupo de mídia funciona como uma paraestatal que desde a origem trabalha para a posse do Estado. A criminalização da política e enfraquecimento do Estado sempre foram marcas da Globo.

Isso explica a predominância de analfabetos políticos e o desfile dos zumbis que numa pandemia preferem aderir ao ódio e acusar de “medroso” ou “preguiçoso” quem exige amparo do Estado. Colhemos hoje os frutos daquilo que diariamente é plantado pela Globo (e os demais tentáculos na comunicação que servem a esta elite decadente brasileira). Hoje todos sabem que “bico” não é empreendedorismo e que o discurso de que “a iniciativa privada é mais eficiente” é um engodo de quem quer um Estado pra chamar de seu.

Sempre defendi a máxima de que “não existiria Rede Globo sem o Estado”. O que a pandemia revela com frieza é o descaso de um governo genocida, sobretudo em relação à população pobre. Por mais que tentem esconder, banalizar e até culpar as pessoas, o Brasil vive o que chamo de “holocausto dos pobres”. Longe de ser uma teoria da conspiração, basta olhar os números e a postura dos governos de alguns países e o que é vivido no Brasil. A impressão que temos é de haver uma espécie de “plano secreto” ente várias frentes para fazer da pandemia um atalho para o projeto de matar os pobres.

Guedes e Bolsonaro defendem os bancos e os milionários. Micro, pequenos e médios empresários (responsáveis por até 70% dos empregos) estão abandonados. Recentes dados revelaram que a crise econômica brasileira é anterior à pandemia. Como é que este tipo de informação foi escondida? A imprensa – sempre em conluio com a elite mais bizarra e perversa do planeta, a brasileira – falava sobre “leve crescimento”, “otimismo da bolsa”, “otimismo do mercado”, “crescimento do número de empreendedores” e outras pornografias jornalísticas.

Com vetos de praticamente todos os direitos à dignidade, durante a pandemia, Bolsonaro isentou o Poder Público das obrigações com os povos indígenas, quilombolas e também nas comunidades tradicionais. Insensível aos problemas vividos por estes (seres humanos) brasileiros, a figura bizarra que ocupa a presidência sancionou uma lei que definiria medidas de combate ao avanço do novo coronavírus entre as populações. Para este garoto propaganda da cloroquina, não é obrigação do Poder Público oferecer leitos hospitalares e de unidade de terapia intensiva (UTI) e ventiladores e máquinas de oxigenação sanguínea. No seu habitual sadismo, desobriga o Poder Público a garantir o acesso universal a água potável, distribuir gratuitamente materiais de higiene, de limpeza e de desinfecção das aldeias.

O cenário do Brasil é desolador. O povo está lançado à própria sorte e em plena pandemia assiste ao descontrole da propagação da COVID-19, ao desemprego, ao endividamento, falências, inadimplência, economia totalmente estagnada. Com o país à deriva, o povo está dividido entre viver preso dentro de casa para não morrer doente, mas com o olho no calendário ou no relógio, ciente de que terá que sair para tentar não morrer de fome. Sem a menor ajuda e perspectiva de mudança. Um país de 210 milhões de habitantes não pode mais viver como um anexo deste ou daquele “colonizador”. É preciso um esforço conjunto para a reconstrução do Brasil.

O entretenimento da cloroquina como cura da COVID-19, a volta das prisões espetaculosas, os vídeos de policiais que praticam atos de violência, etc. jamais podem servir de álibi para que a oposição se ocupe disso. Esta esquerda que faz da punição a sua ferramenta de vingança e ainda aplaude a prisão por dívida – que foi mais uma decisão inconstitucional desse STF covarde – esquece que os principais corruptores estão no comando. Por isso, também é culpada pelo desespero de brasileiros abandonados. A população em situação de rua aumentou em todos os grandes centros urbanos, sobretudo por conta do desemprego e do despejo.

Sem emprego, sem apoio social, cidadãos brasileiros são tratados como lixo. A oposição é incapaz de criticar o neoliberalismo predador. Pior! Ajuda o Senado a aprovar a urgência na entrega da água e ignora que Guedes trabalha rápido (como um ladrão de galinha) para vender empresas públicas estratégicas em plena Pandemia. Vá às redes sociais e veja que, enquanto isso, o povo é forçado a testemunhar esses “guerreiros” discutindo se Bolsonaro está ou não com a COVID-19. Para o inferno, Bolsonaro! O que importa são as 70 mil mortes e as outras milhares que estão por vir, pois nada é feito para que isso seja evitado.

Fui otimista quando falei há quatro anos sobre o “processo de Congolização do Brasil”. A continuar neste ritmo de decadência e deterioração, o lema do brasileiro será “quem me dera ser Congo”. Políticos despreparados ou comprometidos com as estruturas do poder econômico seguem no cumprimento do papel de desviar o povo do debate que importa. Enquanto discutem a homofobia da frase de um presidente fantoche – “mascara é coisa de viado” – Guedes segue com o trator destruindo o que ainda resta. Não demora para afirmarem que “quem está em casa está com ‘frescura’, ‘covardia’, etc.” Essa é a mensagem desse governo e que a imprensa difunde acriticamente, por cumplicidade.

Nos próximos dias o Brasil deve atingir a vergonhosa marca dos cem mil mortos.  É a pandemia usada como ferramenta da eugenia. A estes sádicos do topo da pirâmide não basta ver os milhões de desempregados,  jovens que abandonam os seus estudos,  pessoas que perderam seus planos de saúde, etc. é preciso matá-los. Sem um plano de resgate do país, o Brasil segue a passos largos rumo ao fracasso como Nação. Todos são responsáveis por entender, difundir e exigir a importância de tomada abrangente de decisões e a implementação de ações proporcionadas para lidar com a pandemia.

Devemos urgentemente dar respostas multilaterais às questões sociais, econômicas e políticas que são exacerbadas pela COVID-19, adaptadas a contextos específicos do Brasil. Essa crise evidenciou a fragilidade das instituições democráticas brasileiras. Por isso, é urgente também a necessidade de debatermos a péssima qualidade de governo que o país possui, mas também quanto governo o Brasil ainda possui. A discussão deve, portanto, ser sobre a capacidade do Estado e a capacidade das instituições governamentais de agir com eficácia, que é a divisão política que realmente importa.

Essa crise está revelando as falhas sociais, econômicas e políticas que afetam a sociedade brasileira. Devemos reiniciar e renegociar o contrato social, a distribuição de encargos entre grupos, o relacionamento entre as diversas camadas da sociedade, estados, municípios e mercados. As crescentes tendências da pobreza e os crescentes níveis de desigualdades estão exacerbando o impacto da COVID-19 num país com enormes potencialidades. A dinâmica brasileira de acúmulo da riqueza caracteriza a pandemia como uma crise dentro de um complexo de crises. Este fator amplia os desafios de mudarmos as atuais estruturas de poder.