Índio Waiãpi é morto em invasão de garimpeiros no Amapá

Indígenas foram para outra aldeia após o relato da invasão. (Foto: Rede Amazônica/Reprodução)
Indígenas foram para outra aldeia após o relato da invasão. (Foto: Rede Amazônica/Reprodução)
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A Funai confirmou a morte de um indígena que era liderança da aldeia Waiãpi, no oeste do Amapá (município de Pedra Branca do Amapari), após invasão de garimpeiros neste sábado (27).

Informado pelo vereador Jawaruwa Waiãpi (Rede), o senador Randolfe Rodrigues (Rede) denunciou que um grupo de 50 garimpeiros havia invadido a terra indígena e, através de suas redes sociais, gravou vídeo comunicou ter acionado a Polícia Federal e o Exército para que enviassem militares a fim de evitar confrontos ainda maiores.

Segundo o relato de Jawaruwa ao senador, os garimpeiros armados iniciaram a invasão pelo território Marirí, fazendo com que os indígenas fugissem para uma aldeia próxima para aguardar a chegada das forças de segurança.

Davi Alcolumbre (DEM), presidente do Senado, também se manifestou em suas redes sociais e definiu o conflito como grave, lembrando que o local é região com alta concentração de minérios e alvo de cobiça por diversos grupos.

“Os esforços devem ser concentrados em garantir a segurança e o direito dos povos indígenas, que sempre viveram nessa região, direito garantido constitucionalmente. As forças de segurança estão a caminho para intervirem e evitarem que este conflito tenha consequências ainda mais violentas e tristes”, afirmou Alcolumbre.

Em área próxima à divisa com o Pará, vivem os cerca de 1.300 waiãpis. É a única terra indígena do país com autorização oficial para exploração de ouro, realizada de modo artesanal pelos próprios indígenas.

Esta é a primeira invasão de garimpeiros no território em décadas e o ataque ocorre em meio a promessas do governo Bolsonaro de legalizar a atividade em áreas protegidas.

Ainda, por meio de nota, a OAB se pronunciou dizendo que medidas administrativas e judiciais devem ser tomadas com urgência, para assegurar a integridade dos Waiãpi e evitar novos conflitos.

“Que sejam apuradas as notícias da ocorrência de crimes de homicídio e esbulho possessório, de forma que, respeitado o contraditório, o amplo direito de defesa e o devido processo legal, os autores dos ilícitos penais sejam criminalmente punidos”, diz a nota.

Personalidades como Caetano Veloso e Criolo, ambos cumprindo agenda internacional de shows, engrossaram o apelo em defesa dos indígenas.

O coordenador de apoio em Pedra Branca do Amapari, Kurani Waiãpi, gravou um vídeo pedindo ajuda das autoridades para o envio de policiais federais à terra invadida. “Já teve um assassinato na quarta-feira (24) de uma liderança Waiãpi e não queremos mais a morte das nossas lideranças indígenas. Estamos pedindo socorro para as autoridades competentes”, suplicou.

A Funai informou, em nota, que acionou as autoridades competentes e seus servidores no local assim que soube do fato neste sábado.

O Ministério Público Federal do Amapá abriu uma investigação criminal para apurar a invasão. Além do MPF, representantes do Ministério Público Estadual, Exército e Secretaria de Segurança Pública compõem uma força-tarefa para acompanhar a situação nas terras indígenas.