Irresponsabilidade na beira do abismo

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Temos constatado nos últimos dias, através das pesquisas eleitorais, dois aspectos extremamente significativos do comportamento do eleitorado brasileiro.

Um era o óbvio, exceto para os petistas mais fundamentalistas, de que Haddad tem um teto e que esse teto, certamente, é muito abaixo do que seria o teto do Lula, caso este fosse candidato.

Outro ponto é a rejeição gigantesca advinda do antipetismo, arraigado em amplos e fundamentais setores da sociedade brasileira.

E essa rejeição ocorre exatamente em segmentos da sociedade onde uma rejeição maciça pode transformar uma eventual vitória eleitoral em gigantescas e intransponíveis dificuldades para governar.

Ao mesmo tempo que as intenções de voto em Haddad ficam estagnadas sua rejeição sobe exponencialmente, à medida que a população vai identificando ele como o candidato do PT.

É uma simbiose singular: se, por um lado, ser o “candidato do Lula” impulsionou Haddad a patamares de intenção de votos os quais jamais chegaria por mérito próprio, o fato de ser também o “candidato do PT” fez sua rejeição chegar a índices próximos aos de Bolsonaro em um período de tempo muito curto.

Fica cada vez mais evidente – desde sempre – que o prestígio eleitoral inequívoco de Lula seria muito mais viável, eleitoral e politicamente, se fosse empregado em uma candidatura do campo popular que não oriunda do PT.

Claro que agora o jogo já está sendo jogado e a irresponsabilidade da pretensão, sempre pela hegemonia e pelo projeto de partido, ao invés de um projeto para o país, prevaleceu ao bom senso e esse tipo de observação vale mais como registro do que qualquer outra coisa.

Nunca tivemos na história do Brasil, desde a proclamação da república, uma candidatura de extrema direita entreguista, com viés nitidamente fascista, com chances concretas de vitória como agora.

O cenário que se desenha, caso seja mesmo Haddad a enfrentar Bolsonaro no segundo turno, é assustador.

Primeiro por entregar de bandeja ao Bolsonaro exatamente tudo que seus estrategistas (eles existem) desejam: uma espécie de plebiscito entre a volta do PT ou uma “mudança radical anti sistema”.

Depois por permitir que, num embate assim, ele, Bolsonaro, possa se apresentar como o “novo” e o “contra a corrupção” e que paute ainda a discussão em temas menores, como ideologia de gênero ou “kit gay”.

De quebra ainda tem uma confrontação, que não terá como ser evitada, acerca do desempenho pífio de Haddad na gestão da maior e mais importante cidade do país.

Se não conseguiu ser aprovado como prefeito como quer ser presidente ?

Como se tudo isso não fosse suficiente para delinear nuvens muito carregadas no horizonte de um segundo turno entre esses candidatos, ainda teríamos um fator contra o Haddad que considero crucial.

É no Nordeste onde o PT e Lula têm sua máquina eleitoral mais forte e é ali que o Andrade, um ilustre desconhecido do povo da região, está sendo carregado por essa máquina, sem a qual apresentaria índices pífios de intenção de voto.

Ocorre que, justamente pela popularidade indiscutível de Lula entre os nordestinos, a maioria das eleições de governador ali tendem a ser definidas em primeiro turno.

Ao menos na Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí e Alagoas isso é certo.

Em outros estados é possível ou provável.

Com isso o Andrade, num segundo turno, perde o que ele tem de mais forte no nordeste: um exército de apoiadores disputando eleição e levando santinhos com o nome de Lula e o número 13.

A bolha que tira de muitos petistas o contato com a realidade os impede de ver qualquer coisa além dos dogmas da seita que vão formando.

Mas o precipício do fascismo está muito perto.

A história vai ser implacável ao cobrar o preço de tamanha irresponsabilidade com o povo brasileiro.