JONES MANOEL: A nostalgia de Brizola

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Política não é uma ciência exata sem emoções e afetos. E na política não ganha o debate quem tem necessariamente o melhor argumento teórico.

Com a crise e o fim da Nova República, por uma série de motivos, surge uma demanda social por figuras políticas com perfil de força e mais assertivos. O típico político educado, formal e culto, estilo FHC ou Alckmin, não tem mais poder de sedução.

Em 2018, Ciro Gomes afirmou que o momento político exigia testosterona, buscando falar de “agressividade” (não quero entrar no debate se a fala foi machista ou não). Ele acertou. Pegue a votação dos três primeiros. Ciro e Bolsonaro, com algumas diferenças, encarnam o perfil do machão. A maioria votou nesse perfil.

Olhe para figuras políticas em ascensão. Glauber Braga e Samia Bonfim têm a marca de falas diretas, assertivas, duras, sem rodeios. Guilherme Boulos, inclusive, perdeu muito de atração social ao buscar se mostrar um “não radical” e mudar muito a forma do seu discurso.

A própria nostalgia de figuras como Brizola, algo muito em voga, é fruto dessa demanda social por um perfil de político e líder com “sangue nos olhos”.

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A tentativa de criar uma esfera pública com ares de Suécia fracassou no Brasil.

Políticos do perfil de FHC ou Haddad e intelectuais bem nutridos e civilizados da aristocracia paulista vão seduzir cada vez menos.

Feliz de quem perceber esse movimento e buscar sua captura (sem, contudo, cair em caricaturas, como algumas figuras políticas menores vem fazendo).