JONES MANOEL: Sobre a entrevista de Flávio Dino no Roda Viva

Dino é uma espécie de Denílson da política. O jogador famoso pela sua passagem no São Paulo e no Betis era conhecido por sua habilidade de dribles. Um jogador cheio de recursos, mas pouco efetivo, de poucos, pouquíssimos, gols.
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Dino é uma espécie de Denílson da política. O jogador famoso pela sua passagem no São Paulo e no Betis era conhecido por sua habilidade de dribles. Um jogador cheio de recursos, mas pouco efetivo, de poucos, pouquíssimos, gols. Dino é habilidoso, ótima oratória, talentoso, mas é um cara que dribla tudo. Critica por exemplo, Wilson Witzel, mas, ao mesmo tempo, não se compromete com qualquer confronto de frente. Assume um tom conciliador. Faz o mesmo com todas as pautas. É contra, a favor, e muito pelo contrário.

A parte mais interessante da entrevista é quando fala de uma reforma tributária progressiva. Defende a medida. O jornalista pergunta por qual motivo, em 13 anos de governos petistas com participação do PCdoB, isso não foi feito.

Dino diz, simplesmente, que não existiu correlação de forças política e que isso é lamentável, mas que hoje o tema é urgente – hoje e não antes?

Agora pense.

Lula correu o Brasil explicando a proposta e chamou o povo para as ruas defendendo a medida?

A CUT fez paralisações e greves defendendo a medida?

A UNE, dirigida pela UJS, fez uma campanha nacional pela reforma tributária?

PT, PCdoB e afins, colocaram sua militância na rua para pressionar o Congresso pela aprovação?

Artistas, intelectuais e professores ligados ao campo democrático-popular realizaram ciclos de debates nacionais defendendo a medida?
As respostas são: não, não, não, não e não.

A correlação de forças política é obra do Menino Jesus?

Deu uma boa volta no jornalista. Mas fica a questão: se antes, com Lula com 80% de popularidade, não tinha correlação de forças, por qual motivo agora vai ter?

E tome drible.

Por Jones Manoel.