Luciano Huck, o presidenciável para 2022

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Luciano Huck, animador de programa da Rede Globo, tem sido considerado um dos possíveis candidatos a presidente para 2022. A partir de 2015, Huck se aventurou com maior ousadia a dar seus “pitacos” sobre política e houve boato de que ele seria presidenciável em 2018. Sua candidatura, no entanto, não aconteceu naquela eleição. Huck apenas participou indiretamente como apoiador na formação de candidatos através de movimentos de renovação da política.

Agora, novamente, o global volta à cena como possível presidenciável depois da participação em evento durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, ao ser chamado de “o próximo presidente do Brasil”. O animador palestrou para 40 executivos durante um almoço, a pauta em questão foi desigualdade social e renovação na política. A imprensa deu holofotes e destacou principalmente a manifestação vinda de dois participantes do almoço, o youtuber Raiam Santos e a secretária executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe da ONU, Alicia Bárcena Ibarra. Bastou este episódio para a possível candidatura de Luciano Huck voltar à superfície.

Mas o que exatamente está por trás do interesse político de Luciano Huck?

Em 2015, em seu suntuoso apartamento na Avenida Vieira Souto, no Rio de Janeiro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu convidados para luxuoso jantar oferecido ao bilionário, George Soros. A noite estava agradável e todos ali pareciam leves e felizes no entorno do ex-presidente e seu convidado importante. O assunto a ser debatido no jantar não era finanças, nem as belezas do Brasil, que Soros poderia desfrutar em sua estadia no país. O tema foi mais objetivo: Terceiro Setor, com aula especial de George Soros, políticas públicas, com destaque à educação, segurança pública, drogas e, obviamente, política!

A interessante conversa, no entanto, não contaria apenas com interlocução do anfitrião e Soros. Outro “George”, não menos importante que Soros, pertenceu à seleta lista de convidados de FHC: era Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico e influente do Brasil. E, para preencher os outros lugares à mesa, Florencia Robalinho e o marido, do instituto Igarapé, Carlos Jereissati, Raphael Klein, Beatriz Gerdau, Guilherme Leal, entre outros, cada um com relevante importância àquele momento, e de acordo com Sonia Racy do Estadão, também estava presente o próprio Luciano Huck. O jantar foi organizado pelo petista Pedro Abramovay, responsável pela Open Society Foundations na América-Latina, ONG de Soros, e pelo Instituto Igarapé, na época liderado pela socialite e cientista-política, Illona Szabó, que, em 2019, protagonizaria uma celeuma entre os apoiadores de Sérgio Moro, ao ser nomeada pelo ministro como suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP). Illona Szabó é co-fundadora do movimento Agora! cujo mais famigerado membro é Luciano Huck.

Em matéria de 2017, da BBC Brasil, o movimento Agora! foi apontado como o grupo que poderia lançar Luciano Huck à presidência em 2018. O Movimento Agora! foi fundado em 2016 e tem discurso para renovação da política brasileira, sua agenda é focada em políticas públicas com intuito de quebrar a polarização, pois não é um movimento nem de esquerda nem de direita. A BBC destacou sobre o grupo de apoio a Luciano Huck para presidente:

Um encontro improvável. É assim que integrantes do movimento Agora! definem sua composição, que abrange gente como o economista Humberto Laudares, assessor parlamentar do senador Tasso Jereissati (PSDB), o ex-secretário de Justiça da gestão Dilma Rousseff (PT) Beto Vasconcelos, o herdeiro do grupo Iguatemi Carlos Jereissati Filho e o líder indígena Anapuaka Tupinambá.

Participam ainda Rafael Poço, cofundador da Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva; o diretor do grupo educacional Somos, Eduardo Mufarej; a presidente do grupo Todos Pela Educação, Priscila Cruz; o secretário de Assuntos Estratégicos de Michel Temer, Hussein Kalout, e o analista político João A. de Castro Neves, da Eurasia Group”

O movimento Agora! foi apenas um dos grupos no leque de plataformas de difuso interesse político com fundação ligada ao terceiro setor, à filantropia da classe dominante, indo do ativismo à formação de lideranças para disputa eleitoral, a surgir depois do jantar no apartamento de FHC a George Soros.

Em 2016, a imagem da jovem Tabata Amaral, amiga de Luciano Huck, começou a aparecer mais nos grandes veículos de comunicação. Era a história da garota pobre da periferia que chegou a Havard e conquistou o mundo. Em 2017, Tabata foi se tornando cada vez mais conhecida no Brasil. Em 16 de Agosto de 2017, Tabata participou, com Illona Szabó, a mesma que organizou o jantar de FHC a Soros, do programa “Conversa com Bial”.

Tabata Amaral no Conversa com Bial

Não por acaso, em 2017, mais precisamente em Outubro, foi fundado o movimento de renovação da política RenovaBR, idealizado pelo empresário Eduardo Mufarej. O movimento RenovaBR tem como grande contribuidor e parceiro Luciano Huck, um dos convidados do jantar de FHC. Reciprocamente, Mufarej é apoiador do movimento Agora! O ano de 2017 também foi de grandes aparições de Illona Szabó falando sobre renovação na política, segurança pública e guerras às drogas. Não por coincidência, o irmão de Luciano Huck, Fernando Grostein Andrade, foi diretor do filme “Quebrando o Tabu”, sobre temática guerras às drogas, idealizado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Embora Luciano Huck, por fim, tenha dissuadido da eleição em 2018, os grupos de renovação política, dois grupos ligados diretamente a Luciano Huck, o Agora! e o RenovaBR, foram exitosos na eleição, pulverizaram seus quadros em partidos políticos e elegeram alguns deles. O RenovaBR elegeu 11 novos políticos, entre eles, com relevantes números de votos em SP, Tabata Amaral, que tem como referência política Fernando Henrique Cardoso.

Todos os grupos de renovação política, em minha opinião, verdadeiros Think Tanks, elegeram juntos 34 novos políticos, em 2018. Os grupos são: Agora!, RenovaBR, Livres, Nós, Ocupa Política, Muitas, Vote Nelas, Acredito, Rede de Ação Política Pela Sustentabilidade (Raps) e Movimento Brasil Livre (MBL).

A RAPS foi o movimento que mais elegeu candidatos, seu presidente do Conselho Diretor é Guilherme Leal, um dos convidados do jantar de FHC, em 2015. A plataforma não é um movimento exclusivo de quadros para renovação política, mas também atua como formação de novas lideranças, os pulverizando em partidos diversos de esquerda e direita. Os apoiadores da Raps são do terceiro setor, institutos, fundações, como a Fundação Lemann e Estudar, do Jorge Paulo Lemann, Fundação Fernando Henrique Cardoso, do ex-presidente FHC, entre outros apoiadores.

apoiadores da Raps

Deputada federal eleita, Tabata Amaral, amiga de Luciano Huck, faz parte de uma das lideranças da RAPS. Foi eleita como um dos membros formado pelo RenovaBR e também faz parte do movimento Acredito, outro Think Tank de renovação da política, fundado em 2017. Ela também está entre os quadros da fábrica de políticos de Jorge Paulo Lemann, além da sua formação acadêmica em Harvard ter sido amparada pela fundação do bilionário. Lemann, maior acionista do império cervejeiro AB Inbev, é visto como idealizador de Macrons tupiniquins e se auto intitula um fabricante de políticos. Certamente, durante o jantar de FHC, com Soros e Luciano Huck, Lemann teve muito o que contar sobre sua fábrica de políticos!

Tabata Amaral recentemente protagonizou rebeldia contra seu próprio partido, Partido Democrático Trabalhista, ao votar a favor da Reforma da Previdência, contrariando o consenso do PDT. No embate, com acusações de perfídia feita pelo – até então – fiel eleitorado da garota prodígio e com Ciro Gomes denunciando prática clandestina dos movimentos de renovação, Luciano Huck saiu em defesa da amiga, sem titubear:

Mais uma vez, nesse episódio de votação da Reforma da Previdência, a velha política mostra o quanto não quer a renovação. Está fazendo de tudo para calar as vozes, neutralizar as ideias e seguir ancorada no passado“, afirmou.

Tabata foi afastada das atividades do partido e sua situação ainda está em trânsito de definição na justiça. Tudo leva crer que a deputada federal deixará o PDT em breve. O PDT é o único partido que fechou as portas para todos movimentos de renovação depois da demonstração de força do Acredito e RenovaBR na defesa de Tabata.

Em matéria do jornal Folha de S.Paulo, de título: “Movimento que projetou Tabata forma coalizão e propõe lei para enquadrar partidos”, Luciano Huck é citado como membro do Agora! Um dos movimentos participantes da coalizão no congresso dos grupos de renovação na política. A superação aos partidos convencionais não está explícita nos estatutos dos movimentos, mas fica subentendido que eles têm suas regras e independência indo de encontro aos partidos.

tabata amaral e movimento Agora

A mim, não resta mais dúvida, na esteira da pretensa renovação da política, seguirá Luciano Huck como presidenciável para 2022, desta vez mais fortalecido por bancada já atuante.

Por qual partido? O que estamos vendo com os movimentos de renovação da política é a utilização de partidos apenas como veículos de plataformas clandestinas, “partidos clandestinos”, como bem definiu Ciro Gomes. De modo que, com o apoio de algumas relevantes plataformas/movimentos, como Renovabr, Agora! e Acredito, Luciano terá o apoio de toda uma bancada, diretamente ou indiretamente. O partido ficará em segundo plano.

Esta nova conformação política no Brasil, dominada pelo capital, representante do velho poder de sempre, vem mascarada de renovação.
Avaliação do cientista político, Fernando Limongi, da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas, corrobora minha assertiva:

O que alguns empresários estão fazendo é driblar o sistema. Como não podem financiar campanhas (o Supremo Tribunal Federal proibiu doações de empresas em 2015), financiam indiretamente a criação de líderes políticos. Aplicam à política um discurso empresarial, entregue à eficácia e aos resultados. No final, acabam considerando que, se eles governassem, tudo seria ótimo”.

Nas eleições municipais de 2020, a atuação dos grupos tem por objetivo eleger candidatos também ao executivo. Minha cidade, Mogi das Cruzes, terá um candidato a prefeito, Caio Cunha, da fábrica de políticos de Jorge Paulo Lemann, do Renovabr e RAPS. Caio Cunha, vereador mais votado em Mogi das Cruzes, é definido como Líder Público Lemann e Líder Raps, em sua página oficial no Facebook.

Caio Cunha, vereador mais votado em Mogi das Cruzes, é definido como Líder Público Lemann e Líder Raps

Está pulverizado em vários partidos os quadros treinados pelos grupos de renovação. O RenovaBR oferece salário gordo, verdadeiro chamariz a novos ingressos. Tudo leva a crer que alguns desses movimentos apoiarão Luciano Huck como presidente, o animador de auditório, já com rugas e barba branca, assim como figurou em Davos, na Suíça.

Luciano Huck em Davos

Tudo isso a partir de um discreto jantar no apartamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com George Soros. Coincidência

Se levarmos em consideração o que, segundo o jornalista estadunidense William Engdahl, em entrevista a Ludwig Watzal, sobre o imperialismo dos EUA, a CIA e as ONGs, definiu sobre a fundação Open Society de Soros, como CIA privada, minha resposta é – Não é coincidência:

“…o Diretor da CIA, Bill Casey, propôs a Reagan a criação de uma ONG “privada”. Ligeiramente à margem, ela pretendia-se privada mas na realidade estava ali para, como disse um dos seus criadores, o falecido Allen Weinstein numa última entrevista ao Washington Post: ‘fazer o que a CIA faz, mas de forma privada’. Foi a criação, em 1983, da ONG denominada: “National Endowment for Democracy [Dotação Nacional para a Democracia]. Pouco tempo depois, dirigidas a partir de Washington, outras ONG surgiram, tais como “The Freedom House” ou as de Soros, as “Open Society Foundations”, “Instituto para a paz” e outras ainda.”

No livro “Presença dos Estados Unidos no Brasil, Moniz Bandeira escreveu que a CIA fornecia verbas e knowhow para o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD). O IBAD, escreveu Moniz Bandeira, subvencionava candidaturas na campanha para renovação dos legislativos e de alguns Governos estaduais, em 1962. Esses quadros eram contrários à política externa independente.

São os tentáculos do imperialismo atuando para manter o Brasil uma eterna e democrática colônia.

 

  1. Não há dúvida que esses “movimentos de renovação na política” são uma jogada do 1% para manter o seu poder. O que apavora os mega-rentistas como Soros é a possibilidade de que o mundo acorde para o fato de que está sendo espoliado pelo 1%, e entre num acordo global para impôr limites a esse grande cassino genocida que é o sistema financeiro internacional – daí a renhida guerra de Soros ao que ele chama pejorativamente de “nacionalismo”. O 1% entende muito bem de marketing e de atender ao gosto do freguês, daí essa tentativa de produzir, em escala industrial, políticos de todas as ideologias, ocupando todo o espectro político de esquerda a direita. Candidato gay? Tem. Candidato anti-gay? Também tem, e assim por diante. Só o que importa é ocupar o poder e impedir a ascenção de políticos nacionalistas, sejam lá de que vertente. Também faz parte da estratégia do 1% vilipendiar o nacionalismo, que passa a ser generalizado como fascismo, racismo (ou, de outro lado, comunismo), ou qualquer outro tabu que funcione para demonizar, perante a opinião pública, a mera defesa de uma política pública que coloque limites no financismo globalista. Lamentavelmente, a perspectiva de entrar para a folha de pagamento do Soros se tornou uma tentação insuperável para um monte de gente, tanto da esquerda quanto da direita. Vai ser muito difícil vencer essa investida do globalismo.

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