Uma luta civilizatória

GUSTAVO CASTAÑON Uma luta civilizatória bolsonarismo
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O Bolsonarismo mostrou que a crônica desigualdade, injustiça e corrupção da sociedade brasileira adoeceu vastos contingentes da população e chegou ao ponto de rompimento do tecido social.

Quando sobrevivermos a isso – e sobreviveremos, não todos – teremos uma luta ainda pior que a contra o Corona Vírus pela frente, uma luta pela civilização.

A partir de agora, é imperativo que paremos de tratar o bolsonarismo como uma posição política.

O bolsonarismo é uma doença mental e política como o nazismo, só que mais degenerada ainda porque antipatriótica e mais ignorante e imbecil.

Quem, de classe média e alta, instruído, ainda apoia Bolsonaro, não é uma pessoa que pensa diferente de nós. É uma pessoa que decidiu expressar sua maldade e ressentimento de forma crua, e isso é incompatível com a vida em sociedade.

Teremos que fazer esse contingente de sociopatas voltar a engolir seu ressentimento, se envergonhar de sua estupidez e ignorância, se diminuir em sua poça de esgoto moral.

Isso não é tarefa para as lideranças políticas que ainda almejam permanecer no regime democrático e precisam dos votos de parte destes demônios.

É uma tarefa para eu e você, para quem está aqui na planice, uma luta corpo a corpo, casa a casa, WhatsApp a WhatsApp, de não perdoar, de romper relações, de confrontá-los em todos os espaços de convívio, de ir à guerra total.

Pois não há espaço numa sociedade para gente como eles. Ou não há espaço em uma sociedade de gente como eles para gente como nós.
O que cabe agora e depois a nossas lideranças políticas constituídas e que venham a se constituir é eliminar os mecanismos pelos quais foi possível construir tamanha aberração.

O primeiro é uma internet sem lei. Precisamos de uma larga dimensão e estrutura policial e judiciária somente para as redes, capaz de julgar e condenar responsáveis por disseminação de fake news, calúnias e difamação de forma rápida e proporcional.

O segundo é uma religião sem lei. A liberdade de culto no Brasil não pode mais ser biombo para lavagem de dinheiro do tráfico, venda de apoio político e disseminação de calúnias e fraudes.

O terceiro é o baixíssimo nível da educação brasileira, de causa tanto orçamentária quanto pedagógica, que possibilita a disseminação mais fácil de ideias estúpidas e mercadores da fé.

O quarto é desarmar o barril de pólvora de ódio da injustiça econômica e da falta de perspectiva de desenvolvimento e melhora de vida.

A guerra vem aí.

Na verdade, você sabe, já veio.

E ela é inevitável.