As manifestações de Bolsonaro e seu erro estratégico

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Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
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Alguns dos que me lêem insistem que a manifestação de domingo próximo será grande.

Mas eu não disse que será necessariamente pequena. Eu sei o quanto aquela base mais fanatizada do Reino está sendo convocada por meio da capacidade de organização de determinadas igrejas. Eles mobilizam a narrativa de que o Reino tem base ”divina” e que Jair Bozó está sendo sabotado pelos poderes corruptos da República.

Ora, o que tenho apontado é que os números do protesto perigam decepcionar para os que pretendem sustentar o governo Bozó. Vejam que essas próprias pessoas estão esperando um mar de gente capaz de sacudir as instituições.

Só que eles podem vir a descobrir que a capacidade de colocar gente na rua na oposição é tão grande quanto e até maior. E que dessa vez eles terão todo o establishment contra o governo: a grande mídia, o Centrão, parte das FFAA, empresários bolsonaristas, e até mesmo significativos nomes políticos que chegaram ao poder juntos com o Reino. O que mais vemos são ratos pulando do barco desde já, sem esperar pra ver o tamanho da passeata dos fanáticos.

Para que esse ”consenso” contrário fosse dobrado, seria necessário que Bozó colocasse nas ruas um protesto do tamanho daqueles de março de 2016, e que decretaram o fim do governo Dilma-má, porque ele está chamando pra briga todas as instituições e forças que lhe são contrárias, ele está tirando da manga um projeto de ”governar pelas ruas”.

É um importante erro estratégico. Vai decepcionar, e vai acelerar a degeneração da posição de Jair Bozó, apressar sua futura queda e abalar as estruturas do Reino.

Por André Luiz Dos Reis