Alguns pontos sobre as manifestações de hoje:
– Bolsonaro ainda possui um apoio popular significativo.
– A parcela de apoiadores radicais de Bolsonaro não é pequena, como imaginavam alguns.
– O lava jatismo é o motor do bolsonarismo. Mais do que o antipetismo.
– O esforço para tornar a pauta menos radical surtiu efeito. Ao passo que desmobilizou setores fortes, como o dos caminhoneiros, fortaleceu a presença das senhoras de classe média das grandes cidades.
– As grandes cidades do sudeste ainda são o foco do Bolsonarismo. São Paulo e Rio salvaram a manifestação, que caminhava para um “quase-fiasco”. O extremo interior de São Paulo também mostrou-se mobilizado.
– É impossível medir o impacto dos atos de hoje na vida política nacional. Amanhã poderemos ter um termômetro maior. Bolsonaro engajou-se ainda mais durante o decorrer do dia. Suas postagens exaltando as manifestações no twitter foram mais enfáticas do que as mensagens postadas durante a semana.
– Rodrigo Maia é o grande vilão dos apoiadores de Bolsonaro.
– Nomear como antagonista o presidente da Câmara não parece sensato. Mas a decisão conta com o apoio expresso do que resta da bancada “mais fiel” ao presidente. Bancada esta, presente em peso nas manifestações deste domingo.
– A estrutura montada pelo governo e seus apoiadores é profissional. O bolsonarismo radical não está brincando. Carros de som, bebidas, isotônicos gratuitos, entre outros produtos e serviços foram oferecidos nas principais cidades.
– Este Bolsonarismo organizado tem poder mobilizador, mas a ausência de pautas concretas pesou. As manifestações foram curtas e portanto, pareceram menores.
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O que se ouve em Brasília é que independentemente do resultado das manifestações de hoje, Bolsonaro sofrerá um contra-ataque. Setores da mídia já testam o “parlamentarismo branco” e ao que indica, irão testar também o “recall”. O centrão dificilmente vai aprovar uma decisão que passe pela vontade popular. Seria mais fácil acertar os ponteiros com o Mourão – que assim como Jango, está na China – do que apostar tudo num recall com participação popular, correndo o risco de fortalecer o governo.
Bolsonaro tem uma guerra pela frente. O Brasil não é o mesmo após 2013. As ruas são um campo de disputa real na nossa política . A democracia de massas brasileira terá outra data neste mês. Dia 30 os estudantes e a oposição voltarão às ruas para mostrar sua força.
Quem não compreender os novos trâmites da nossa vida democrática vai ficar para trás. Qualquer movimento político que não seja de massas e populista, parece ter cada vez menos espaço no Brasil e no mundo.