A marcha da estupidez no mundo e no Brasil

A marcha da estupidez no mundo e no Brasil
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Barbara Tuchman escreveu um livro fascinante, “A marcha da insensatez”, recordando decisões históricas insensatas que resultaram em grandes desastres militares e políticos. Nós não estamos numa marcha da insensatez, mas da estupidez. E não se trata de uma idiossincrasia brasileira. O Brexit, por exemplo, vai destruir a economia da Inglaterra. Já a ausência de acordo na Conferência do Clima põe em risco todo o planeta, a partir da perspectiva financeira do ministro do Meio Ambiente brasileiro.

O nacionalismo econômico de Trump e de Bolsonaro, ambos comprometidos com as elites e não com seu povo, tende a desestruturar os sistemas produtivos dos países em favor sobretudo do sistema financeiro. Chamam isso de globalização. É a globalização do lucro e a globalização da miséria, não a globalização de oportunidades. Isso acaba estourando.Vejamos agora o que está acontecendo no Brasil com a liberação do FGTS. Deveriam ser beneficiários dela não apenas os titulares de contas, mas toda a população. Keynes aprovaria isso.

Como essa equipe econômica, toda ela, é absolutamente estúpida em matéria de relações bancárias, financeiras e monetárias, ela julga que o Fundo de Garantia é efetivamente um fundo, isto e, um lugar onde é depositado o dinheiro creditado aos trabalhadores nele inscritos. Para eles esse dinheiro fica lá, numa espécie de grande balaio, até ser sacado. Acontece que o depósito some como reserva bancária que é simplesmente esterilizada pelo Banco Central. Quando há retirada, os bancos simplesmente criam dinheiro novo, e não tiram o dinheiro do balaio.

Se os estúpidos integrantes da equipe econômica pretendem estimular a demanda com a liberação do Fundo, deviam fazê-lo para toda a população, independentemente dos registros contábeis. Da forma como estão fazendo é uma injustiça. Dão dinheiro para trabalhadores formais, que tem conta no Fundo, mas não para milhões de brasileiros que não tem. Além disso, liquidam com a poupança feita ao longo da vida pelos trabalhadores formais na medida em que ao saque corresponde um cancelamento do registro da conta. Roberto Campos, o criador do FGTS, veria essa estupidez com horror.

Os discípulos de Friedman que atualmente ocupam os principais postos da economia governamental poderiam fazer um curso rápido de Finanças Funcionais com André Lara Resende, que tem feito bons artigos a respeito no Valor. André foi um influente ortodoxo que se convenceu das virtudes de Finanças Funcionais. Eventualmente, podem aprender também com o jovem professor Daniel Conceição, que há duas semanas ciceroneou no Brasil o economista Randall Wray, o mais notável divulgador norte-americano da chamada Teoria Monetária Moderna, derivada de Finanças Funcionais.  Deste, eu cheguei a traduzir um livro ainda nos anos 80, sob o título “Trabalho e Moeda Hoje”, Ed. UFRJ/Contraponto. Fiquei fascinado pelo livro. Escreverei sobre ele aqui e na cartatrabalho.com.br  oportunamente.