GILBERTO MARINGONI: Bolsonaro se lambuza, mas sem oposição ele não recua

GILBERTO MARINGONI: Bolsonaro se lambuza, mas sem oposição ele não recua
Foto: Adriano Machado
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O governo Bolsonaro cometeu dois erros brutais ontem.

O primeiro deles foi na stand up coletiva do anúncio da Renda Cidadã. O segundo foi no massacre ecológico que Ricardo Salles patrocinou na Comissão de Meio Ambiente.

No caso da Renda Cidadã, um misto de ansiedade, desespero e soberba se desdobrou em duas barbaridades: meter a mão nas dívidas dos precatórios e surrupiar 5% do Fundeb.

O cambalacho nos precatórios foi sintetizado pelo onisciente mercado: “Pega! É calote!”. A bolsa cai, o dólar sobe e a mídia grita.

A MÃO GRANDE NO FUNDEB atinge um acordo fenomenal (499 a 7) feito na Câmara, em articulação de deputados, prefeitos e educadores. Nem por um pirulito de cloroquina os parlamentares toparão passar pano na principal votação do ano até aqui.

Ou seja, em uma só tacada, o boçal tromba com o Congresso e com a turma do dinheiro. Meio over.

Tudo para quê? Para não furar o teto de gastos, fruto de um financismo obtuso que atinge até mesmo setores da oposição. Não há rebaixamento de piso que dê conta não apenas de novos projetos, como de gastos correntes. O orçamento de 2021 é uma recessão pré-paga.

JÁ SALLES INSCREVE SEU NOME na lata de lixo da História como o campeão do meio ambiente, ou seja, aquele que busca reduzir o ambiente em que vivemos à metade.

O conjunto da obra é sabido e ressabido. A questão é: isso não basta para derrotar Bolsonaro. Até aqui ele está jogando de muletas e com um braço na tipoia, mas num campo livre. Não há quase ninguém entre ele e o gol adversário.

Vinte e quatro horas depois dos anúncios, a maior parte da oposição – há exceções! – não se manifesta com vigor sobre esses temas e nem traça uma linha de ataque, assim como subestima a luta pela manutenção dos R$ 600 do auxílio emergencial.

A conjuntura é complicada. Há ataques a Boulos e a Carol Solberg, tentando calá-los. Há as disputas municipais. A reação não é fácil.

Mas há imensos flancos sendo abertos pelo próprio governo. É preciso aproveitá-los no calor da hora.