Marta Suplicy no PDT?

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Recentemente foram veiculadas pela mídia tradicional algumas informações de que existiria uma aproximação entre o PDT e Marta Suplicy.

Transcrevo abaixo o que penso sobre o assunto:

Apesar das críticas que tenho em relação ao passado recente da Marta, sei muito bem da enorme gratidão que nosso povo paulistano, principalmente os residentes das comunidades e periferias de São Paulo, tem em memória do legado que ela deixou para nossa capital.

Negar isso seria extremamente vil e arrogante da minha parte, principalmente porque nasci nos berços da classe média de São Paulo.

Como prefeita estabeleceu marcas expressivas e que beneficiaram os mais pobres (CEUs, Vai-Volta, Merenda escolar, hospitais, renda mínima ) e que alavancaram a cidade pensada em prol do coletivo e não do indivíduo! (Bilhete único, corredores de ônibus).

Também zelou pelo rigor fiscal das contas do município, ainda que por mecanismos tributários questionáveis, mas incontestavelmente , progressivos. Valores fundamentais e também sempre cultuados pelos construtores e apoiadores do projeto nacional de desenvolvimento.

Sua marca de gestão mais famosa, a construção dos CEUs, vai ao encontro da linha de uma das nossas  principais bandeiras: a educação pública, universal e em tempo integral!

Os CEUs são inspirados nos CIEPS, pensados por Darcy Ribeiro e construídos por Brizola!

Os atuais resultados da educação do Ceará e de Sobral, encabeçada e executada pelo grupo político de Ciro (agora majoritariamente no PDT) podem esboçar um bom casamento entre os legados e propiciar um intercâmbio de narrativas e exemplos bem sucedidos.

Indo para a visão mais política e de construção das bases de nosso partido em São Paulo, Marta parte em qualquer cenário com pelo menos 10% de votos no primeiro turno, com alto potencial de alavancagem caso ela esteja em um partido de centro-esquerda e que esse possua uma figura que protagonize a antítese a Bolsonaro.

Em uma possível candidatura pelo PDT, Marta naturalmente criará uma polarização com Joice Hasselman (PSL), tanto pela personalidade forte como pelo contágio do debate nacional, que mais do que nunca influenciará o cenário municipal.

Outro fator que irá pesar para a decisão de voto do eleitorado, por incrível que pareça, é o saudosismo e a segurança na aposta de experiências já realizadas e com resultado positivo. Isso será facilmente justificado pelo trauma e a decepção da população com Bolsonaro.

Marta saiu da prefeitura de São Paulo com 50% de bom ou ótimo. Conjunturas locais e muito específicas impediram a sua reeleição.

Mesmo assim em 2004 houve segundo turno, e José Serra venceu por 55% a 45%. Muito diferente da vitória em primeiro turno de João Doria contra Fernando Haddad (que tentava a reeleição) em 2016.

O mais importante de tudo, é que os votos que Marta já tem são exclusivos das regiões mais pobres e extremas de São Paulo, coincidentemente as mais populosas, com destaque para as zonas sul e leste, e que o PDT e Ciro ainda tem pouca entrada.

Para vocês terem uma ideia, quando Doria se elegeu ele só perdeu em dois distritos eleitorais.

E a derrota não foi para Haddad, mas sim para Marta Suplicy.

Ciro teve 1 milhão de votos na capital. Votação extraordinária para um partido que não possuía nenhum vereador na capital e nenhum deputado estadual ou federal em São Paulo até então.

No entanto, a ampla maioria desses votos ficou concentrada nos bairros localizados na região conhecida como “centro expandido”.

Uma figura já experimentada e que tem chancela popular poderia possibilitar a abertura que tanto é necessária para construirmos as bases do trabalhismo nas periferias da terra da garoa e maior cidade do Brasil!

Entrando em outra seara, é preciso dizer que os últimos capítulos antes de Marta anunciar sua saída da vida política foram angustiantes e perturbadores, mas é necessário fazer um resgate histórico para sermos justos e compreendermos que a máquina petista de destruição e afastamento de aliados sempre foi ardilosa.

Marta foi filiada ao PT por 33 anos. Período de intensa dedicação a construção do partido e de realizações fantásticas tanto em âmbito legislativo quanto executivo, que ajudaram a construir a áurea petista de boas gestões, dedicadas principalmente para os mais pobres.

Mesmo após tudo isso, foi escanteada pela cúpula petista, demitida do ministério por Dilma Rouseff e preterida por Fernando Haddad para a disputa da prefeitura de São Paulo em 2016.

Marta queria ser novamente candidata, e depois do isolamento imposto pelo PT, ensaiou uma aproximação com o PSB e o PDT.

Certo de que isso seria uma ameaça no berço do petismo, Lula agiu e foi o principal articulador junto com Michel Temer, seu companheiro, para filiar Marta no PMDB.

Não quero aqui com esses argumentos justificar as votações favoráveis de Marta enquanto senadora pelo PMDB nos temas da reforma trabalhista, PEC do Teto e também em relação ao impeachment.

Quero apenas levantar uma problematização acerca do “modus operandi” da burocracia petista e na sua tendência para espantar aliados e jogá-los para o outro lado do espectro político, com conveniência e ações meticulosamente pensadas.

Não podemos separar as pessoas entre as que votaram a favor e as que votaram contra o impechament de Dilma. É fundamental fazermos uma análise qualitativa e levar em consideração também os sucessivos erros cometidos pelo PT na busca da continuidade no poder.

Nunca mais podemos cair na cilada do “petismo cultural”!

Estou convicto que a vinda de Marta para o PDT poderia ser a maior atitude contra a hegemonia do petismo na esquerda em São Paulo e uma espécie de contra-ataque a altura das espúrias articulações de 2018 que entregaram o país nas mãos de Bolsonaro!

Mas para isso precisamos ter em mente duas perguntas que só o tempo poderá responder:

1) Marta estaria disposta a abraçar o trabalhismo e se redimir do apoio a agenda econômica neo-liberal?

2) Os eleitores de São Paulo que Ciro fidelizou poderiam se afastar do PDT pela sua vinda? Ou estariam dispostos a dar uma segunda chance para Marta e em conjunto com as grandes massas periféricas levá-la para o segundo turno e fazer história?

  1. O problema é o que vem junto com ela.

    A galera que se diz coordenador se ilude por falsas lideranças…que na campanha são profissionais que coletam assinaturas. Precisamos fazer antes o fortalecimento da militância do PDT. Formação continuada…aí sim o trabalhismo será o norte do trabalho.
    Cuidado coordenadores com a pica que vcs pagam pau!

  2. Excelente análise. Sem dúvida o PT contribuiu para a destruiu de sua carreira politica, mas história recente a condena ao ostracismo, apesar de sua boa gestão frente a Pregirura de SP. O PDT não pode correr desesperadamente atras de uma lideranca paulista e a qq preço.

  3. Companheiro,

    Você só pode estar de brincadeira.
    Alguém que passa 33 anos num Partido de esquerda (ou centro-esquerda, como queiram), e que depois se filia ao PMDB e vota a favor do golpe, a favor do teto de gastos e a favor da flexibilização das leis trabalhistas não pode agregar em nada na construção de um PDT forte.
    O trabalhismo é questão central do partido e do projeto nacional desenvolvimentista de Ciro. Não nos esqueçamos disso.
    Precisa encontrar outras vias de acesso ao eleitorado paulista que não essa.
    Marta se sujou! Não vai agregar, pelo contrário, vai nos afastar ainda mais de quem quer votar numa alternativa de esquerda que não seja o PT.

  4. Votou a favor da reforma trabalhista,
    do Teto dos Gastos e foi golpista.
    Não dá. Tudo tem um limite.

  5. Marta se assemelha mais ao PDT, do que ao PT, partido que a colocou de lado. Tem gd chance de ganhar a prefeitura pelo PDT, embora não descartou a possibilidade do Márcio França chegar na reta final.

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