E o mercado salta do abismo: o precipício Bolsonaro

Bolsonaro
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Salto do abismo, esporte brasileiro. Já aconteceu, está acontecendo. Em 2005, as ovelhas suicidas da Turquia ficaram famosas e confirmaram o que o povo já sabia: ovelhas seguem umas às outras. Se a primeira cai no precipício, é certo que todo o rebanho voará. Pesquisas de opinião fotografam o mercado saltando do abismo. Resta saber se voam por comportamento de rebanho, ou se achacam a democracia. Que nada! Investigar se são ovelhas por instinto ou se estamos sendo encurralados por lobos é um troço chato, que eu deixo para os biólogos da blogosfera. E dos jornalões.

Interessa é salvar o povo. E a palavra é “salvar” mesmo. A palavra tem esse bolor religioso, sim. Poderia ter dito: “Interessa é conter o prejuízo”. Mas quem começa assim termina como Doria, depravando a linguagem com jargões do market a cada bale. E salvar o que resta é revelar a verdade. Quanta doutrina! Mas é por uma política quase metafísica. Mesmo. Por uma política crítica e apaixonada. Se o mercado salta do precipício Bolsonaro, brasileiros não desviarão dessa trilha pela razão. Não são burros, estão tristes. É preciso restaurar o verdadeiro significado da palavra política e associá-la a afetos alegres e ao sonho. O chicote do domínio neoliberal é o desalento.

Olha, eu passei todos esses anos defendendo a política para, na festa da família, ouvir relinches de apoio ao Boçal? E não adiantou dizer que a política verdadeira agrega os excluídos, escancara os privilégios invisíveis, sacode o status quo, leva a verdade, une, age e blá, blá, blá. Não adiantou porque toda essa crise poderia ter sido pedagógica, e não foi. Ressentimento mais moralismo somado à velhacaria é igual a histeria. Nada foi ensinado, tudo foi distorcido. No piloto automático, céticos e vira-latas, deixamos de acreditar no Brasil, na vida, na transformação. Ainda tenho que aturar os chiliques do mercado, badalando a vitória de Boçal, direcionando ovelhas ao buraco sufragado pelo baronato.

Tá difícil. Mas a política é o único desvio da rota do abismo. Porque política não são os políticos. Não é corrupção. Não é engodo. Política é transformação. É buscar e disputar a verdade. É tentar convencer pela razão. E é paixão também. Transformar indignação em energia transformadora é papel da paixão. Não se irá mudar a rota da malhada sem paixão. Política é também raciocinar sobre como os privilégios se reproduzem de forma invisível. E é despertar para a busca do bem comum. É luta. Faz ver o invisível e realiza o inviável. Ideias, palavras e luta. Pensar em si, nos outros e no país. A política divide? Claro! Mas a política, principalmente, une.

As pesquisas de opinião fotografam o salto do mercado no precipício Bolsonaro. Ovelhas seguirão. É o dinheiro comprando a política para que ela sirva à oligarquia. A política pode servir à opressão e ao atraso, quando é oligárquica. Mas só a política pode vencer a oligarquia e o atraso. E na história foi sempre assim. Nada prescindiu de luta. A monarquia, a aristocracia, a escravidão, o imperialismo, o fascismo, o nazismo, o totalitarismo, a ditadura, etc. O povo, munido de ideias, sempre derrubou a opressão, por meio da política. Política democrática. É hora de vencer o discurso neoliberal, antes de Boçal estalar o chicote.

E o PT faz vaquinha para Lula: salto do abismo, esporte brasileiro.