O método político e o glossário constitucional de Bolsonaro

CHRISTIAN LYNCH O método político e o glossário constitucional de Bolsonaro
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Duas observações sobre Bolsonaro:

1. É tediosa a mesma fórmula repetida ad nauseam. Ele chega ao final da semana em pânico porque encalacrado pelos malfeitos na Justiça e no Congresso. No domingo, ele se defende atacando, acenando com a bandeira velha e esfarrapada do golpe – o mesmo truque de sempre – , diante de um número cada vez mais minguado de fascistas e/ou reacionários em frente ao palácio. Agora acrescentou um manifesto de três dúzias de coronéis aposentados, que jogam peteca com o Heleno no posto 6. Fica achando que intimidou todo mundo. Na segunda-feira ele fica menos histérico, e faz um discursinho paz e amor do tipo: não me processem, nem me investiguem, nem aos meus aos filhos.

2. No glossário de constitucionalismo do presidente, aprende-se o seguinte:

A) O intérprete supremo da Constituição é ele mesmo, na condição de chefe supremo das Forças Armadas;

B) “Harmonia entre os poderes” significa ausência de mecanismos de freios e contrapesos em relação a ele e, portanto, de impunidade para si, sua família e seus apaniguados;

C) “Democracia” é o direito que tem a minoria que apoia de se impor à maioria da nação;

D) “Liberdade” é o direito que tem o homem branco, hétero, religioso e patriarcal de depredar, ferir, matar, destruir para garantir a sua vida e seu poder contra negros, gays, ateus, crianças e mulheres.

Em síntese, Bolsonaro, governante, simplesmente busca continuar a exercer essa sua “liberdade” natural, contra os limites impostos pelo Estado de direito democrático. Ele sabe que não poderá sobreviver se as instituições funcionarem livremente, porque expelido como o corpo estranho que ele é. Difícil mesmo.

Por Christian Edward Cyril Lynch