MILTON TEMER: Contra o acordo com Maia para sucessão na Câmara

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), durante sessão extraordinária em Brasília (DF)
Foto: Luis Macedo
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A DECISÃO DO STF, barrando aspirações de MiniMaia e Alcoloumbre na reeleição para a presidência de seus respectivos covis, parece ir muito mais longe, em termos de análise, do que simples avaliação da questão constitucional.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), durante sessão extraordinária em Brasília (DF)

ELA MOSTRA, parece incontestável, um verdadeiro fuzuê nas classes dominantes do País, onde o tema realmente representou assunto de discussão. As diversas correntes se entrechocaram porque os interesses específicos dos maganos estava em jogo de forma fragmentada.

VAMOS LÁ. Aos bolsonaristas de raiz, o ideal era barrar a recondução de MiniMaia, mas garantir Alcoloumbre. Ou seja, transformavam-se em defensores de um documento contra o qual mobilizam pencas de fanáticos. Ganharam mais do que perderam, porque o controle da Câmara pode lhes cair nas mãos via um dos meliantes do flexível Centrão, E, no Senado, jamais será eleito alguém que se apresente como obstáculo ao Executivo.

PERDE a direita dissimulada no falacioso “centro liberal”. Ou seja, os que se importam com as grosserias retóricas do miliciano chefe, mas estendem tapete vermelho ao pacote de contra-reformas anti-sociais de seu posto ipiranga. Apostavam na manutenção de MiniMaia, neoliberal sectário, ícone dos que fazem o jogo falacioso do torniquete com bons modos, como forma de barrar Arthur Lira ou assemelhado, já acertados com Bolsonaro.

GRANDE INTERROGAÇÃO fica por conta do comportamento dos barões da mídia conservadora. Pois é fato notório que parte expressiva deles não tem mais a menor confiança no miliciano-chefe que colocaram no Planalto com o empenho da lavagem cerebral que impuseram ao senso comum imbecilizado nas eleições de 2018.

O QUE OS TERIA movido no empenho pela mesma leitura feita por Bolsonaro nessa pendenga? Só há uma resposta. A aliança eventual não se deu por aproximação política, mas talvez muito pelo contrário. Seria mais seguro para esses maganos manter o princípio constitucional – arma que utilizam para emparedar o que os ameaça no autoritarismo de Bolsonaro – do que aceitar um casuísmo que pode, pelo exemplo, se voltar contra eles. A defesa de seu operador no Legislativo, MiniMaia não compensaria o risco.

AFINAL, essa turma não brinca em serviço. Sabe, perfeitamente, que a diferença entre centrão e centro-direita, no controle do covil, pode estar apenas num til a mais ou a menos, de pouca monta para a defesa de seus privilégios.
Uma “sem” ou “com” til, fácil e igualmente resolvível na boca do Caixa.

SE NON ÈE VERO, è ben trovato, reconheçam.

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AOS QUE DEFENDEM que a esquerda combativa, no covil parlamentar, deva chegar a acordo com um indicado por MiniMaia, por conta de uma suposta “frente democrática”, dedico esse primeiro parágrafo da crônica de hoje de um dos porta-vozes do boletim da direita mais reacionária do País, Ascânio Saleme.

“NÃO SE PODE NEGAR que o deputado Rodrigo Maia teve momentos importantes e positivos no exercício da presidência da Câmara. Foi mérito quase exclusivo seu a reforma da Previdência, no segundo semestre do ano passado, quando chamou para si, tocou e fez aprovar o projeto, enquanto o governo fazia corpo mole. É verdade também que, durante todo o mandato, trabalhou incansavelmente pela sua reeleição. Fez os entendimentos possíveis e engoliu todos os sapos para ficar sempre pronto para ser reconduzido ao cargo, embora soubesse ser inconstitucional. O mais grave foi ter se sentado em cima de pelo menos 30 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro”.

SE COM O TITULAR a coisa já desandou assim, imagine-se com um preposto. Não. Definitivamente, não. Nada de acordo pelo mal menor num Pacto de Anormais em que só os agentes do grande capital naquele ambiente podem ter o que ganhar.

LUTA QUE SEGUE!! com uma candidatura própria, defendida pela bancada do PSOL, definindo campo e apontando propostas concretas que o Legislativo deveria adotar caso estivesse a serviço da parte majoritária da população. E que se distribuam entre eles o botim do acordo sujo – cargos e nomeações em gabinete de um posto secundário da mesa.