A estupidez galopante de Mourão é a garantia da estabilidade de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro deveria, todos os dias, ao chegar para o batente, beijar os pés de seu vice, o general Hamilton Mourão. A oligofrenia do companheiro de chapa é a maior prova de fidelidade que um vice poderia dedicar ao titular.

Sabe-se que às seis da manhã, quando o general sobe em seu cavalo para mais uma rodada de exercícios hípicos na capital federal, vê-se no conjunto um cérebro pensante. E não é o do venerando oficial do Exército.

Temos hoje um presidente em acelerado processo de isolamento. Alguns clamam por seu impeachment, outros por sua renúncia e alguns, mais atilados, sonham com um tapetão institucional, com o supremo e com tudo.

Todos esses setores vislumbram um governo Mourão pela frente. O general é uma espécie de Bolsonaro que não come carne crua com as mãos. Mas, como o capitão, tem no açougueiro Brilhante Ustra seu símbolo sexual e tipo inesquecível.

Mourão vinha tomando um banho de loja nos últimos meses e se comportando direitinho diante das visitas. Enverga ternos bem cortados, usa tintura de melhor qualidade para os cabelos e aparenta representar uma face palatável do troglodismo de extrema-direita. Fala línguas e – talvez – faça boa figura se a faixa lhe cair no colo. Alguns setores, até mesmo progressistas, chegam a se animar com uma possível administração Mourão a tomar conta da loja.

Mas Mourão é Mourão. Não controla seu braço de Strangelove. O doutor Strangelove, todos sabem, é o personagem vivido por Peter Sellers em Doutor Fantástico, filme de Stanley Kubrick, de 1964. Strangelove era um cientista nazista, acolhido pelo Departamento de Defesa dos EUA, numa clara alusão a Werner von Braun, chefe do programa de foguetes alemão durante a Guerra, que seguira passos semelhantes.

Strangelove havia perdido um braço, substituído por um membro mecânico. De quando em vez, o braço o desobedecia o dono e se esticava sozinho, fazendo a saudação nazista. O cientista a muito custo conseguia disfarçar o gesto.

Mourão, com seu fulgurante QI de ameba, deixou seu braço de Strangelove solto nesta terça, 31. Decidiu, desobedecendo possivelmente o cérebro de seu cavalo, soltar um tuite se derretendo de amores pelo golpe de 1964. Claro, colocou em polvorosa quem está à sua volta e setores democráticos com quem costuma trocar idéias.

O elogio do estúpido à ditadura caiu como uma bomba na cabeça de quem se anima muito com ele.

Bolsonaro não deve durar. Mourão pode assumir. Não há escapatória, na atual relação de forças. Mas o tosco não anima ninguém de seus possíveis apoiadores. Bolsonaro ganhou um presente nesta terça.

O boçal tem nisso uma das poucas boas notícias desses dias. Mourão é seu amigo de fé, irmão e camarada…

Mourão, guerreiro do povo brasileiro.

Por Gilberto Maringoni

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