A necropolítica cerca pelos 11 lados

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Até a manhã de hoje, o coronavírus para Bolsonaro era uma fantasia da imprensa. Os congressistas (ainda que alguns por motivo meramente eleitoreiro) derrubaram o veto que condenava a morte milhões de idosos e deficientes, que seriam privados de meios de subsistência mínima, justamente os mais vulneráveis ao vírus).

Rodrigo Maia, Alcolumbre e Guedes, todos derrotados, iniciam reuniões emergenciais preocupados com o impacto dos recursos dos velhos desamparados e pessoas deficientes no orçamento. E no impacto negativo nos resultados de suas reformas, Guedes faz previsão catastrofista prevendo a bancarrota do país.

A GloboNews, mesmo com uma cobertura sensacionalista sobre a pandemia mete o pau no Congresso exigindo a sangria dos miseráveis. O SUS limita as garantias de fornecimento de medicamentos de alto custo. É cada vez mais claro que a política dominante no país é reduzir a pobreza eliminando os mais pobres e vulneráveis para sanear as contas governamentais.

Em nosso caso específico, aqui do Rio de Janeiro,com o serviço de saúde em ritmo de paralisia, com unidades inteiras desativadas em um processo desastroso de transferência na gestão, atingindo em cheio a área de saúde da família, a perspectiva é alarmante. Agrava-se a isso a certeza na queda expressiva e duradoura com a receita dos royalties do petróleo.

Enquanto isso, o dólar dispara, a despeito de seguidas operações de venda das reservas cambiais pelo Banco Central, a bolsa despenca com perda de um trilhão no valor das empresas brasileiras de capital aberto em 2020, com os investidores externos (e os ricos daqui também) em debandada e sem investimentos públicos, o caminho para a recessão está pavimentado.

A demanda social, com milhões de desempregados e trabalhadores precarizados, e o colapso nos sistemas de apoio social chegam aos píncaros.

O nosso presidente, nos dias cruciais da crise, foi a Miami puxar o saco do Trump, assinar um acordo para comprar ferro velho militar dos EUA, transferiu a produção do Supertucano da Boing/Embraer para plantas industriais no Texas, eliminando empregos no Brasil. Tratou sobre a liberação dos cassinos no Brasil (proposta defendida por Flávio Bolsonaro, no Congresso), deu entrevistas estapafúrdias, questionando o processo eleitoral brasileiro no exterior, e ficou passeando e brincando de pinturinhas como um menino da quinta série, um idiota com idade mental de nove anos e perverso.

As perspectivas no curto prazo são alarmantes; para o médio prazo sinistras, e a longo prazo catastróficas, tem que mudar já!

Por Eduardo Papa, professor, jornalista e artista plástico