Nem Trump nem Biden: o Brasil precisa de um líder e um Projeto Nacional

Se as lideranças centristas enxergarem que o projeto mercadológico falhou, podem embarcar no projeto de Ciro Gomes e garantir a robustez que o ex-ministro de Itamar e de Lula precisa para chegar ao poder derrotando Bolsonaro.
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Por Vitor Imafuku – Estamos a menos de dois anos das próximas eleições presidenciais no Brasil. O país está mergulhado no caos do governo autoritário e ultraliberal de Jair Bolsonaro, em meio a mais grave crise de nossa história, provocada pela pandemia do coronavírus e pela irresponsabilidade e despreparo das autoridades competentes.

Bolsonaro, que não passa nenhuma confiança ao centro político, vai continuar apostando no espectro que o levou ao poder: a extrema-direita, assim como fez o derrotado Donald Trump nas eleições americanas.

Muitos acreditam que o país precisa encontrar um Joe Biden para chamar de seu. Embora muitos digam o contrário, o perfil de Biden é notório e, portanto, fácil de traçar: um centrista neoliberal, avesso ao radicalismo, homem de confiança do sistema financeiro, defensor de uma agenda verde globalista e que convive bem com o chamado progressismo de costumes. Esse perfil no Brasil, certamente, teria bico e asas, nada diferente de um tucano de prateleira.

Concorrentes para essa empreitada não faltam. Poderiam ser citados os favoritos Luciano Huck, Henrique Mandetta e João Dória. Ou até o remodelado Juiz Sérgio Moro, que tenta desesperadamente evitar a sua morte política, fato que será consumado mais cedo ou mais tarde, e que desejo que seja o quanto antes, pelo bem do povo brasileiro, da democracia e do Estado de Direito. Quem sabe até mesmo uma surpresa como Eduardo Leite ou Ratinho Júnior podem pintar no radar. Mas uma coisa é certa: o sistema já está trabalhando para encontrar e consolidar este nome. Resta saber quem será o escolhido pelo “Deus” super visível do Mercado.

Na disputa com o nome do vencedor para chegar ao segundo turno, é quase certo que teremos um candidato progressista. Não é possível saber se será um representante da esquerda petista ou algum nome que represente o fortalecido campo socialista-trabalhista.

No campo petista três nomes disputam a vaga neste momento: Fernando Haddad, que obteve invejáveis 47 milhões de votos em 2018 transferidos em muito por Lula; Flávio Dino, que tenta se colocar como um nome de união do campo progressista, mas não foi bem no pleito de 2020 e Guilherme Boulos, após o sucesso eleitoral de 2020 em uma versão remodelada do Lulinha Paz e Amor, vide sua “Carta ao Povo Paulistano”, que nos remeteu aos idos anos 2000. Apesar de ainda contar com importantes governos e um generoso recall eleitoral, o campo liderado a mais de 30 anos por Lula vive seu pior momento e está completamente isolado. Desgastado pelos graves erros cometidos e que continuam a se agravar em alta velocidade, é pouco provável a sua viabilidade para vencer o pleito de 2022.

No campo socialista-trabalhista o nome é quase certo. Ciro Gomes (PDT) não enfrenta nenhuma grande sombra no seu campo e saiu bastante fortalecido das urnas em 2020. A aliança costurada com maestria por Carlos Lupi deu bons resultados no Nordeste e aproximou, como nunca, o PSB do projeto nacional de desenvolvimento de Ciro. Um projeto posto à mesa e publicado em livro, para quem quiser ler e inclusive, criticá-lo. Ao contrário dos petistas, Ciro é visto por setores centristas como um “player político” capaz de derrotar o Bolsonarismo em 2022. Com isso, virou uma espécie de plano B, caso o projeto de “Biden brasileiro” não prospere.

Entre os centristas que veem Ciro com bons olhos podemos destacar três nomes: Alexandre Kalil (PSD-MG), ACM Neto (DEM-BA) e Rodrigo Maia (DEM-RJ). Três nomes fortes e com capacidade de garantir ao pedetista o necessário apoio do Centro, dentro de uma visão realista da política nacional e que não cede a disparates ideológicos que inclusive ajudaram a dividir a nação, que precisa urgentemente ser reunida em torno de um projeto popular que faça do povo trabalhador a sua primeira prioridade.

No Brasil é necessário mais do que equilíbrio e segurança, o povo quer voltar a acreditar e se inspirar. O brasileiro quer um líder que consiga fazer o país crescer, gerar empregos, combater desigualdades e que respeite o dinheiro público. Neste quesito, Ciro Gomes sai na frente de qualquer tentativa de Biden colocada pelo sistema, até agora. Nenhum nome que tem o aval do mercado parece ter a capacidade de mobilizar e inspirar, nem mesmo conseguir aglutinar outros campos no embate final com o atual presidente para derrotá-lo. Sem isso, o “Biden brasileiro” periga virar uma versão tupiniquim de Hillary Clinton, derrotada pelo fascismo norte-americano em 2016.

Se as lideranças centristas enxergarem que o projeto mercadológico falhou, podem embarcar no projeto de Ciro Gomes e garantir a robustez que o ex-ministro de Itamar e de Lula precisa para chegar ao poder derrotando Bolsonaro.

É aguardar para ver…

Por: Vitor Imafuku.