O que vi ontem na Avenida Paulista

Bom, meus amigos, minhas amigas... o resumo da ópera, dessa ópera bufa, se assim eu puder escrever, é o seguinte: existe todo um submundo da política, em que o eleitorado não está abrindo o jogo real em suas redes sociais, mas que as nuances de uma tarde de mobilização política pode te dar, que aponta pro seguinte: Márcio França é o ÚNICO que possui TODAS as garantias de vencer o pleito municipal frente ao privatismo vagabundo e corporativista da gestão Bruno Covas. É o único que, por uma dessas desgraças da política, mas também, e aí está o ponto, a sua possibilidade real de redenção, bater a direita em SP, com um projeto progressista, passando bem abaixo do nariz... da Extrema Direita. Chocante, né não?
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Por Franco Chiariello – João Gilberto, gênio inconteste da raça, dizia que o Rio de Janeiro, o seu Rio né, dos anos cinquenta e sessenta, era a Cidade de Todos os Brasileiros. Mas saberia ele que, passados 60 anos, não sei se posso afirmar que São Paulo tomou esse lugar, mas de qualquer modo, uma coisa é certa: a Avenida Paulista é a Avenida de Todos os brasileiros (as). Mas não é disso que quero falar aqui…

Neste domingo, das 10 às 17 horas, me senti com os pés na Pólis grega que li na minha tenra juventude (ó, ainda sou jovem, mas nem tanto… de qualquer modo, não sou mais xófen) pelos textos de Aristóteles, Platão, Xenofonte e compania ltda. Uma confusão de ideias, posições políticas, cores, bandeiras, vozes, som, uma zona. Só faltou o maluco num barril com uma vela acesa, dizendo que havia encontrado a verdade, e estaria prestes a revelar a todos. Uma zona boa, mas ainda assim, uma zona. Enfim. Nós, do PDT, cravamos duas Tendas, com vários candidatos e candidatas circulando pela avenida, megafone na mão, trocando, flertando com o eleitorado, e a troca foi muito bacana. Falamos com gente perdida, gente carente, candidatos de todos os partidos possíveis, morador de rua, playboy, gente convicta, gente na dúvida,etc. Normal. Democracia é isso, e isso é massa pra caramba. Mas não é disso que quero falar aqui…

Nós do PDT fizemos um trabalho muito proveitoso e bacana, isso está em textos e videos compartilhados por quem foi. Tá lá, nas suas redes sociais, e na memória e retina de quem os conheceu por ali. Com todo mundo que parou pra conversar com a gente (e não foi pouca gente), a paradinha foi super positiva! Ponto pra nós, Turma Boa… Mas não é disso que quero falar aqui.

Primeiro, uma coisa já meio que previsível: A militância do PSOL, assim como seus candidatos, se concentraram quase que especificamente nas imediações que vão da Augusta com a Consolação. É a sua patota, é lá que está a sua grei. E foi pra eles que eles falaram, trocaram né. Do PT, quase nada, muito pouco. Tenho rodado a cidade toda, e sei que a sua estratégia tem sido focar na perifa. E tudo certo, tudo bem. PSDB, Candidatos com Bandeiras nas mãos de 100 malucos pagos, rodando pra lá e pra cá. Mas eles, eles mesmos, não estavam lá. Mas não é disso…

Circulando com as bandeiras e material pela campanha da chapa França/Neto, a aceitação do povo (povo em geral, já falo da extrema direita…) foi muito positiva, sem negação. Muita troca de ideia, povo querendo saber das propostas de modo geral, enfim. Positivo. Uma tretinha aqui, outra ali, mas de modo geral, bastante respeitoso. Um tanto de gente perguntando se ele iria pro segundo turno, nós alegando que ele tinha que passar pelo primeiro, que ele era o único que possui a real capacidade de bater o Bruno Covas no segundo turno. Aquela coisa que as pesquisas já andam apontando. Mas o que vi, e que realmente me impressionou, e que não vemos nas redes sociais, é o seguinte:

Galera do Partido NOVO, que estava panfletando (incluindo aqui candidatos!) alegaram que vão de França. No cochicho, alguns deles me disseram que, como seu candidato tinha rodado da corrida eleitoral essa semana (chamaram Sabará de burro pra baixo), achavam que França era viável como prefeito, que tinha boas ideias (não estendi os papo, mas fico pensando o que um Liberal Extremado acha das propostas dele pra geração de renda e não privatizações, acho mesmo que ninguém leu seu programa de governo) e que estavam cansados dessa briga insana entre Dória e Bolsonaro. Bom… Não entendi nada, mas os relatos foram todos mais ou menos nessa mesma linha. Deve ter uma corrente orgânica de pensamento dentro desse partido que eu juro por Deus ter interesse de conhecer. Ok.

A parte mais chocante das nossas caminhadas foi… Rufem os tambores, rapazeada: O POVO DA EXTREMA DIREITA CONSIDERAREM VOTAR NO FRANÇA PRA COMBATER O PSDB! Juro, meu povo. Passamos com bandeiras do Márcio França, camisetas do PDT, boné, adesivos até nas orelhas, os caralho, tudo isso na berlinda de dois carros de som. Povo não chiou. PELO CONTRÁRIO! Fui pra cima, trocar ideia com eles. Aos gritos vindos do carro de som de “Não aceitamos a vacina chinesa” e “Vamos pedir ainda esse mês o impeachment de João Dória” (que foi agraciado com um boneco gigante, tendo no bolso estampado a cara do Xi Jinping, presidente chinês), por baixo uns 30% da patota dita “patriótica” disseram votar no França, porque ele têm chances de ganhar do Dória (?!) e expurgar o PSDB do poder da Terra da garoa. E tava garoando. Quase que o dia todo. Alguns disseram ainda que “Vamos botar vocês lá, os socialistas, mas depois tiramos vocês. O inimigo agora é o Dória, que é contra o Bolsonaro”. Quando perguntava, ironicamente, “Mas viu, e Russomano?”, Alguns me respondiam que ele não era “tão Bolsonaro assim”, que iria trair o Presidente, que era só mais um aproveitador, que assim que fosse eleito… E pipipi, papapa. Véi, juro por Deus: Teve candidato à vereador do PSL que tinha no seu santinho a foto dele e da Joice Hasselma, com um X feito à caneta Bic, bem na cara da Joice. Esse, um monstro de tão enorme que era, disse que ela era traidora. Simples assim. Fiquei chocadíssimo. Thabatinha, a Ganga, nossa candidata, surfou e rolou em frente a um carro de som dos facci, com megafone na mão, propagando suas pautas à favor da ciência, tecnologia, propagando e ventilando a chapa França/Neto. Povo olhava, meio embasbacado, e nada falavam. Henrique Vitta desfilou bunito com uma bandeira sua, Com seu Rosto, seu número, seu bordão… e a cara do Ciro Gomes, tudo ali por perto. Povo de verde e amarelo, nem aí. Gabriel Cassiano, que tava lá também, pegou o megafone e caiu pra cima dos caras. Uns diziam que “Ciro é filho da puta”, e eu dizia que Ciro era o melhor que têm, que não conhecia a mãe do Ciro, mas que afinal, neste momento, neste exato momento… Aí Cassiano arrematava: “Você vai ter que votar no França pra tirar o PSDB, ele é o único que têm chances reais de conseguir bater os Tucanos e tals…”. Pediram pra tirar foto com ele. JURO POR DEUS. Surreal…

Bom, meus amigos, minhas amigas… o resumo da ópera, dessa ópera bufa, se assim eu puder escrever, é o seguinte: existe todo um submundo da política, em que o eleitorado não está abrindo o jogo real em suas redes sociais, mas que as nuances de uma tarde de mobilização política pode te dar, que aponta pro seguinte: Márcio França é o ÚNICO que possui TODAS as garantias de vencer o pleito municipal frente ao privatismo vagabundo e corporativista da gestão Bruno Covas. É o único que, por uma dessas desgraças da política, mas também, e aí está o ponto, a sua possibilidade real de redenção, bater a direita em SP, com um projeto progressista, passando bem abaixo do nariz… da Extrema Direita. Chocante, né não?

Pois é… Foi isso que eu vi hoje, na Avenida Paulista. Saí de lá com vontade de tomar cerveja. Avenida essa que, com o perdão do trocadilho, meu mestre João Gilberto: É a Avenida de Todos os brasileiros. E brasileiras.

Por: Franco Chiariello.