O patriotismo seletivo de BolsoNero

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As manifestações em defesa da Amazônia foram muito importantes. Se estivesse em São Paulo, teria participado com muito gosto. No entanto, seria ruim se, no afã de derrotar o governo da destruição, essa luta justa acabasse por desprezar a questão da soberania como algo atrasado ou ultrapassado. Tenho lido gente boa dizendo coisas que vão nesse caminho.

A história recente tem demonstrado que as nações mais fortes do mundo continuam dispostas a submeter outros países em função de seus interesses. Militarmente, inclusive. Boa parte da lógica das intervenções está ligada justamente à disputa por recursos naturais. Vivemos num mundo perigoso e o Brasil tem riquezas que são raras por aí, que o mundo cobiça.

A questão é que BolsoNero é o pior governo possível para defender a soberania. Primeiro porque, ao agir como age em relação à Amazonia, abre espaço para que o mundo todo meta a colher por aqui, e com razão. Segundo porque nunca tivemos um presidente que se entregasse à vassalagem de forma tão acintosa quanto ele diante dos Estados Unidos. Quem poderia imaginar um presidente do Brasil batendo continência pra bandeira alheia, ou gritando pateticamente “USA, USA, USA”?

Bolsonaro fala em soberania como falavam os escravistas do século XIX. Quando a Inglaterra pressionava para que o tráfico de escravos acabasse, eles se descobriam patriotas. Tudo pra defender uma soberania pontual: a de comprar e vender gente. Fora isso, total desprezo por qualquer projeto autônomo.

O patriotismo seletivo de BolsoNero é o mesmo dos fazendeiros escravistas do século XIX. Querem uma autonomia seletiva para depredar, destruir e, em última instância, entregar o país em pedaços aos interesses estrangeiros.

Por Júlio César Vellozo