Protesto burro de domingo foi a pá de cal no governo Bolsonaro

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O recado dado à sociedade brasileira pelas manifestações pró-Bolsonaro do último domingo foi anunciar involuntariamente a pá de cal no governo. Uma pá de cal com velocidade ainda indefinida a depender das próximas movimentações do Congresso, do Ministério Público e do golpismo neoliberal sempre a espreita dos grandes meios de comunicação.

O tsunami vem misturando ventos de todos os quadrantes: divisão interna no próprio governo, conflitos com diferentes forças do Poder Legislativo e a encrenca dos negócios do senador da República, filho do presidente, investigados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Como se não bastassem o lado político e policial, setores do mercado vêm dando sinais eloquentes de que não vão suportar por muito tempo a inépcia desta gente que assumiu o governo.

Indagações diversas são necessárias a respeito de distintos aspectos complexos deste grande impasse em que o país se encontra. A começar sobre o tempo e os ritos dessa pá de cal. Em menos de 48 horas, vários observadores, principalmente jornalistas de diversas plataformas, fizeram análises pertinentes sobre a bizarrice de uma manifestação organizada pelo próprio governo sem objetivo algum, a não ser tentar mobilizar uma incerta opinião pública contra quem, afinal? O STF, o Congresso Nacional ou mais o quê? Contra também as investigações a respeito de Flávio Bolsonaro?

Protestos contra investimentos na educação, a considerar o gesto dos imbecis arrancando a faixa do prédio de uma universidade sobre o tema? A chamada grande imprensa, como era de se esperar, deu o tratamento de forma cínica e cafajeste sem denunciar o golpismo e o espírito fascista da iniciativa. O tal jornalismo que se pretende “neutro” a cada dia fica mais despudoradamente sem compromisso com o país e convencendo menos até aqueles que nem imaginam como são os bastidores da produção da notícia.

Repórteres e âncoras, para variar, têm sido verdadeiros lacaios dessas empresas antinacionais, alguns se esmerando em tentar agir como repórteres de verdade, mas tendo que ler, falar e retratar dentro da moldura manipuladora da pusilanimidade dos interesses dos seus patrões. Lamentável e patético. Em vez de denunciarem a manifestação em letras e chamadas bombásticas, simplesmente legitimaram a mobilização esdrúxula como um ato da “democracia”. Em vez de manchetes, mesmo de forma educada e civilizada, do tipo “Mobilização do governo nas ruas contra a democracia”, ficaram de amavios endossando o “recado” que Bolsonaro tentou dar. A manchete que sintetizaria o fato, de forma também educada, deveria ser: “Mobilização do governo tenta incentivar golpe contra a democracia”.

Se não foi burrice essa manifestação, o que vem por aí? Em termos pragmáticos, a indagação é a seguinte: sim, e agora, depois deste domingo, o que o governo pretende fazer? Fechar o Congresso e o STF ao mesmo tempo? Ou um de cada vez, faltando escolher qual em primeiro lugar? Pretende fechar o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro? Pretende começar a prender seus adversários? Ou, da noite para o dia, baixará um decreto para tirar o Brasil do fundo do poço?

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