Protestos pelo mundo e a crise do neoliberalismo

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Os protestos pelo mundo são sinais do esgotamento do modelo neoliberal.

Em comum em todos os lugares, uma insatisfação irrestrita com a vida que se leva. Carestia, desesperança, desemprego, falta de perspectiva. A revolução tecnológica do mercado de trabalho aliado a uma economia ultra desregularizada e um padrão de consumo globalizado causou um exército de endividados, frustrados e moribundos. As pessoas vivem piores que seus pais. O arrocho fiscal desse modelo social não se sustenta mais.

A desigualdade é outro fator preponderante. A ausência de projetos nacionais transformadores e engajadores criou um arcabouço entre ser, estar e produzir. Não que haja qualquer tipo de ilusão quanto ao futuro: em tese, ele é pior e mais escasso que o presente. Ocorre tão somente que as engrenagens da estrutura precisam se reinventar e nos moer através de novos moedores. Não dá pra ser assim.

Também não há ilusão de que povo na rua signifique melhora. A primavera árabe foi um fracasso retumbante. Era MUITO melhor deixar como estava. Mas não temos controle sobre os caprichos dos processos históricos. Mas já podemos cravar, não só pelos atos deste ano:

O neoliberalismo está chegando ao fim. Se o que virá será melhor? Não sabemos. Provavelmente não, mas é fato que o mundo precisa de novos ares. E eles sopram da esquerda e da direita.

Talvez seja hora da esquerda falar a essas massas. Explicar a revolução tecnológica, a desigualdade e o desemprego. Apresentar uma economia de escassez, uma forma de contenção de danos. Não é hora de falar pra nichos identitários, isso já jogou toda insatisfação no colo da extrema direita. É hora de falar a todos. Pais e mães humilhados pela desigualdade. São esses que vão nos ouvir, se soubermos falar. Sem a política de lacre ou o tom professoral intransigente do identitarismo burguês e liberal.

Temos que ser do tamanho dos desafios do novo mundo e não os cavaleiros do ressentimento do passado.

É hora de atualizar o discurso.