PSB retoma política da República Velha

Congresso Nacional Eleitoral PSB. Foto por Humberto Pradera
Congresso Nacional do PSB. Foto por Humberto Pradera
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Durante a existência da chamada República Velha os estados eram mais autônomos perante a federação e existiam partidos locais muito fortes.

O Partido Republicano Riograndense de Júlio de Castilhos, Pinheiro Machado e Borges de Medeiros dominou a política gaúcha por muito tempo e ainda exerceu razoável influência no poder federal.

O Partido Republicano Paulista e o Partido Republicano Mineiro idem.

Minas Gerais tinha até seu governador sendo chamado pelo título de presidente. Entraram para história política do Brasil os presidentes das Minas Gerais Antônio Carlos e Olegário Maciel.

Curiosamente em Pernambuco os partidos dominantes não usavam o termo “pernambucano” em suas siglas, mas nomes como Partido Republicano Brasileiro, Partido Republicano Federal – que dominaram o comando do governo estadual nos primeiros anos da República  – Partido Republicano e Partido Republicano Conservador, que fez todos os governadores de 1911 até a Revolução de 30.

Depois da redemocratização em 1946 deixamos de ter em nosso país partidos estaduais. Ou pelo menos é o que parecia até esse estranho e confuso processo político que estamos vivendo, onde muitos que deveriam ter um papel relevante e responsável na condução da política partidária com “P”  maiúsculo parecem brincar com a história e com o momento decisivo que vivemos para o Brasil e para o povo brasileiro e, ao invés de terem essa postura, estão trazendo de volta a lógica paroquiana da província se sobrepondo às graves questões nacionais.

E para nossa surpresa vem exatamente de Pernambuco a retomada dessa política mais provinciana, onde o outrora nacionalmente relevante Partido Socialista Brasileiro, de tantas e tantas histórias, parece se transformar no Partido Socialista Pernambucano e por interesses menores e restritos ao seu grupo pernambucano, sacrifica em praça pública uma candidatura extremamente forte, consolidada e competitiva no segundo estado da federação, Minas Gerais, além de abrir mão de participar como protagonista de uma chapa competitiva na eleição presidencial, onde absurdamente para um partido político importante preferiu uma incompreensível – para não dizer covarde – neutralidade.

Nenhum outro partido está neutro nessa eleição presidencial.

A prevalência dos interesses pernambucanos sobre todo o resto do país deixa claro que a atual direção do PSB não se comporta como verdadeiramente nacional.

Podemos até chegar a pensar que, dada as dificuldades que o atual governador Paulo Câmara passa na busca pela reeleição, e somado à isso a situação totalmente diferente de uma candidatura extremamente competitiva como a de Márcio Lacerda em MG, a atual direção nacional do PSB – que se comporta de forma bem errática e vacilante desde a trágica e prematura perda de sua maior e mais legitimada liderança, Eduardo Campos – busca impedir a possibilidade de vitória do partido em um estado maior e mais rico que Pernambuco, talvez na expectativa de que não ocorra uma mudança na correlação de forças dentro do partido e esta mesma direção se mantenha em seu controle.

Só isso pode explicar o constrangimento a que a direção do PSB auto impôs ao partido com esse acordo esdrúxulo com o PT, onde rifou numa juridicamente controversa e politicamente inexplicável canetada cartorial uma candidatura com cheiro de vitória que se formou em MG sob a liderança do socialista Márcio Lacerda.

Infelizmente para o Partido Socialista Pernambucano Minas Gerais não é relevante, como seria para qualquer partido nacional o segundo estado da federação.

Em pleno 2018 a direção nacional do PSB parece pensar que voltamos a República Velha.

Parece o mesmo destino histórico, só que pela pista da esquerda, que conduz a tal ponte para o futuro.