PT se alia a Bolsonaro para destruir os sindicatos brasileiros

Botão Siga o Disparada no Google News

Depois de permitir a eleição de Bolsonaro para se manter à frente da oposição brasileira, o PT prepara, neste momento, uma nova traição ao trabalhador brasileiro.

O governo Bolsonaro criou uma comissão chamada GAET (Grupo de Altos Estudos do Trabalho), sob a gerência do secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, para concluir a reforma trabalhista iniciada no governo Michel Temer.

Sua principal missão é o fim da unicidade sindical (sindicato único por categoria) e a instituição da pluralidade sindical (criação indiscriminada de sindicatos).

Por incrível que possa parecer, essa alteração há tanto tempo sonhada pela elite do patronato nacional, que fragmenta e enfraquece as categorias de trabalhadores, sempre foi um dos pilares que sustentaram a concepção e ação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e, consequentemente, do Partido dos Trabalhadores (PT).

Não é segredo para ninguém no Brasil que a cúpula do PT e da CUT sempre defenderam o fim da contribuição sindical compulsória, o fim do sistema Confederativo e a pluralidade sindical. Essa foi a principal bandeira dos petistas na Assembleia Nacional Constituinte em 1988 e a base da PEC 369/05, onde o PT, sob o governo Lula, tentou impor as teses defendidas agora pelo governo Bolsonaro para “modernizar” o sistema sindical brasileiro.

Mas é claro que todos que não têm familiaridade com o sistema sindical brasileiro devem estar se perguntando o motivo dessa propensa unidade tácita entre grupos que aparentemente são tão distantes. Vamos tentar esclarecer, pois essa jogada envolve interesses de hegemonia política, interesses econômicos e pragmáticos.

A política brasileira nos últimos anos, sobretudo na última eleição, é marcada pela polarização entre extremos discursivos, não reais. Ambos em tese inviabilizados politicamente, dependem da ameaça do oposto para sobreviver.

Ao bolsonarismo, que perderia as eleições para qualquer outra corrente política do país, interessa manter o PT como a principal alternativa de oposição e de esquerda no País, mesmo que isso represente segurarem a mesma bandeira.

O petismo pode ser comparado a uma floresta de eucaliptos nos trópicos. É exógeno e não permite, por sua natureza, o crescimento de nenhuma planta nativa ao seu redor. O menor espaço é rapidamente suprimido para evitar que a biodiversidade desabroche. Já o bolsonarismo é uma grande fazenda de gado, que usa o desmatamento para sua ampliação, mas depende da plantação de eucalipto para lucrar e cumprir algumas regras de reflorestamento.

No Brasil existem cadastrados no antigo Ministério do Trabalho 11.690 sindicatos laborais. Pode parecer bastante, mas se levarmos em consideração a existência de um sindicato de trabalhadores rurais ou de servidores públicos municipais nos 5.570 municípios brasileiros veremos que não é exorbitante.

Do total, 2.361 são filiados à CUT, o que representa 20,1%. Somadas, as demais centrais sindicais possuem 54,2% dos sindicatos filiados e 24,8% sem filiação alguma. Ou seja, atualmente a CUT ocupa uma parcela pequena na estrutura.

Ainda assim é importante lembrar que esses números ainda não refletem o fechamento de entidades sindicais ocasionado pela aprovação da outra proposta fundamental da CUT, o fim da contribuição compulsória.

O mesmo não irá ocorrer se instituído a pluralidade sindical. Como se observa em outros países, esse sistema acaba, no longo prazo, afunilando a existência de sindicatos alinhados com correntes políticas/ideológicas de um lado e pragmáticos (em consonância com empresários) de outro. Por ser o partido que ainda possui uma maioria de ativistas sindicais (muitos dos quais exonerados de governos petistas derrotados) é natural que a corrente cutista avance contra o conjunto do movimento sindical de outras vertentes que ainda mantém a prioridade nas pautas e lutas por melhores salários e condições de trabalho. Com isso, espera consolidar uma hegemonia sindical que hoje ainda não tem.

No outro lado teremos a parcela do movimento sindical pragmático, ora alinhado ideologicamente e politicamente ao conservadorismo, ora aliado ao interesse das empresas, o que de certa forma dá no mesmo. Nos dois casos, quem perde é o trabalhador.

Já o interesse econômico por trás do pluralismo está na ânsia empresarial pela desregulamentação total e irrestrita do mercado de trabalho, pavimentando cada vez mais o caminho para a informalidade e falta de proteção legal para os trabalhadores brasileiros.

Uma categoria com muitos sindicatos a representando, não tem de fato nenhum. A negociação pode se dar fatiada, com sindicatos pelegos e sem força para impor suas reivindicações.

Para o neoliberalismo selvagem que hoje vemos devastando o Brasil, no ritmo atual do desenvolvimento tecnológico e dos efeitos correlatos de fechamento de postos de trabalho é urgente derrubar mecanismos que assegurem férias, 13º salário, FGTS, licença maternidade ou Previdência.

O fim dos sindicatos, que atualmente constituem a base de resistência com acordos e convenções coletivas, é a forma mais rápida de assegurar o inferno neoliberal. E tudo isso já foi amplamente defendido pelo próprio presidente e seus principais ministros.

Nessa ótica, e levando em consideração os interesses dos trabalhadores, do País e do centro político brasileiro, não interessa a ninguém, exceto ao bolsonarismo e ao petismo, alimentar e aprovar a reforma sindical. O que os deputados estão fazendo é entregar a hegemonia no campo sindical ao petismo. Como se não bastasse fortalecer o PT, com isso fortalecerão o bolsonarismo que hoje os faz de reféns.

É por isso que com esse texto apelo aos parlamentares brasileiros que prestem atenção na nova manobra do petismo e não acreditem que eles estão contra a aprovação da reforma sindical.

As negociações de bastidores já correm, e se o PT se colocar contra essa reforma será da mesma forma que apoiou Marcelo Freixo.

Essa é a natureza do partido que nasceu para enterrar o legado do trabalhismo.