Quem será o próximo salvador da pátria, herói ou mito?

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O heroísmo é um dilema histórico no Brasil. A sociedade brasileira, bem intencionada ou não, nomeia personagens para explanar suas aflições, insatisfações e contrariedades orquestradas. Muitas vezes não compreende as imperfeições que estão por trás de toda e qualquer figura pública, valendo-se das características subjetivas para defender qualquer arbitrariedade, erro ou conduta irresponsável cometida – por ação ou omissão.

A problemática do salvador da pátria, mito ou herói no Brasil é construída pela elite e é abraçada pela população brasileira desgostosa e que rechaça a política. Há toda uma narrativa imposta pelas grandes mídias, com o intuito de transmitir ao senso comum quem é o bastião da luta pela moralidade.

Como o cenário político não se mantém ocioso, toda e qualquer manifestação da sociedade civil promove, ainda que discretamente, uma abertura na ordem social. A representação de uma massa cedente e carente por justiça abre precedentes no imaginário social para preencher a lacuna com o messiânico fanatismo, por alguém ou algo.

Invariavelmente acontecem levantes populistas que contribuem com a personificação de um salvador da pátria, mito ou herói. Acompanhamos isso na ascensão da extrema-direita direita na Europa, nas eleições de 2016 no Estados Unidos, no endeusamento de Bolsonaro e no lavajatismo da República de Curitiba. A crença entre o bem e o mal, o bom e o ruim, aflora fanáticas paixões que interceptam uma visão racional do cenário sociopolítico.

Nossa frágil democracia não sabe lidar com a desconstrução de um salvador da pátria, herói ou mito. É um período contínuo que possibilita resquícios de apreço ao culto emblemático da figura messiânica, produzindo o inimigo oculto e a respectiva luta contra o mau maior. É a insistência do nós contra eles, da violência contra a ordem.

O culto ao salvador da pátria, herói ou mito se mantém no tempo, mesmo que haja uma significativa desaprovação pelo personagem. Nada que inflija diretamente no esquecimento da imagem, mas que traga uma baixa visibilidade. Nesse momento que nasce o outro, nomeado também como o melhor, para continuar o ciclo de endeusamento.

Não há fim. Em determinado momento há um resgate ao passado. Os valores impostos e defendidos pelo salvador da pátria, mito ou herói continua escoado, esperando uma nova personificação para voltar.

Já tivemos Carlos Lacerda, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso, Joaquim Barbosa, Aécio Neves e Bolsonaro. Agora, com o fim trágico de Sérgio Moro – após sua suspeição por parcialidade – quem será o novo salvador da pátria, herói ou mito dos brasileiros?

Por: Wallacy Santana.
Líder comunitário filiado ao PDT.