A entrevista do governador petista Rui Costa à Veja bate de frente com alguns dos pilares do partido. O baiano critica a defesa de Maduro. E segue “chutando a Santa”.
Afirma que condicionar alianças à bandeira “Lula Livre” é um erro, e que o PT deveria ter apoiado Ciro Gomes – odiado pela militância petista – na última eleição presidencial.
Na mesma entrevista, Rui se lança candidato a presidente da República pelo…PT?
A reportagem mal circulou e começaram a chover textos de petistas desancando Rui Costa. “Oportunista rasteiro” foi um dos adjetivos mais dóceis oferecidos pela artilharia “amiga”.
A conta não fecha. Rui não sabia da repercussão que geraria? Não calculou?
No mesmo dia, Camilo Santana, governador petista do Ceará, divulgou em suas redes um encontro dele e dos governadores Paulo Câmara, do PSB, e Eduardo Leite, do PSDB, com o candidato a presidente da República…Luciano Huck?
O global apanha pesado do PT. Camilo não calculou?
Os governadores do PT defendiam que o partido apoiasse um candidato de outra legenda em 2018. Premidos por suas reeleições, se dobraram diante da posição de Lula.
Rui e Camilo são governadores reeleitos com votações consagradoras. Com gestões muito bem avaliadas, começam agora a olhar para o futuro.
É pouco provável que estes movimentos façam parte apenas da disputa pelo rumo da legenda. Esse jogo já está jogado.
Também é pouco provável que o quadro partidário continue como está até 2022. Uma reorganização é a tendência natural.
O segredo na política é conseguir enxergar os movimentos futuros, aqueles que o jogador já planejou, mas só revelará se todos os vetores da equação ficarem de pé.
Podem estar em curso movimentos mais profundos, de olho no espaço de uma centro-esquerda frentista e pragmática no país. Tem cheiro de novidade no ar.
Por: Ricardo Cappelli.