Como se constrói o senso-comum do rombo na previdência

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A construção de uma maioria favorável à reforma da Previdência na opinião pública não é obra de seis meses de governo. A pesquisa Datafolha, divulgada às vésperas da votação da Câmara, aplacou temores de parlamentares que ainda hesitavam em apoiar a medida.

Convencer a população de algo quase impossível – de que uma medida que a prejudica é melhor para ela – resulta de trabalho persistente e constante ao longo de uma geração.

Desde 1997, data da primeira reforma de FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro martelaram na cabeça no país que a Previdência é um problema. Os argumentos variaram e os enfoques também. Em todas as oportunidades, a meta era retirar direitos.

Ao longo de 22 anos, construiu-se um consenso entre as grandes forças políticas: a Previdência é insustentável!

A coalizão reacionária Bolsonaro-Maia aprovou a pior de todas as reformas, a que atinge mais os pobres. Algumas vozes agora reclamam não ter havido mobilização a altura do ataque. Houve e muita! Mas é difícil vencer a ideia-base consolidada na opinião pública de que há rombo no sistema.

Não escrevo para fazer acusações dentro da trincheira, mas para termos em mente que qualquer avaliação deve levar em conta ideias sedimentadas de forma persistente por mais de duas décadas.

Não se vence essa agenda com um passe de mágica.