Sopros de mudança no Rio 

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O Rio de Janeiro é o estado onde cinco ex-governadores foram presos nos últimos três anos. O atual, ainda na primeira metade de seu mandato, já está diante de um processo de impeachment. Me parece que, mesmo ao estrangeiro mais desavisado, absolutamente alheio às vicissitudes da política em nosso estado, bastariam estas duas colocações. Mas não para por aí. O Rio de Janeiro é também o ninho eleitoral de Jair Bolsonaro e de seus filhos Flávio, senador, e Carlos, vereador. Além disso, sentado na cadeira de prefeito do Rio de Janeiro, encontra-se mais um representante do atraso.

Ora, diante da tríade obscurantista formada por Marcelo Crivella, Wilson Witzel e Jair Bolsonaro, faz-se necessária uma reação. Mas não uma reação qualquer, cujos esforços, apesar de importantes e significativos, cairão no vazio. É preciso uma reação robusta, organizada, ampla, que possa abraçar anseios diversos e conjugá-los para derrotar o projeto retrógrado no pleito de outubro. Afinal, como diz o ditado, “mar calmo nunca fez bons marinheiros”.

Foi com grande alegria, portanto, que vimos nascer recentemente uma poderosa Frente Progressista na cidade do Rio de Janeiro. A articulação partiu de um mineiro, mas radicado no Rio e acostumado à turbulência das águas de Brasília: o deputado federal e presidente do PSB-RJ, Alessandro Molon. Foi ele quem liderou as conversas, tecendo a aliança partidária que nasceu com PSB, PDT e Rede, e que será ampliada para disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro.

Ao anunciar a boa nova em 17 de junho, Molon afirmou: “O Rio de Janeiro pede que sejamos maiores. É preciso ter grandeza para salvar o Rio. É preciso uma aliança que seja ampla, viável e forte o suficiente para chegar e vencer o segundo turno”.  

De fato, Alessandro Molon tem razão. O Rio de Janeiro não aguenta mais escândalos de corrupção, a ideologização de questões essenciais à população – como o combate ao coronavírus – e governantes que não colocam a população em primeiro lugar. Tanto o estado quanto o município do Rio precisam urgentemente de uma gestão séria e responsável. Uma gestão que priorize os combates às desigualdades, a modernização da economia e uma política limpa e transparente.

Não nos enganemos: essa resposta não virá de um salvador da pátria. Ela será construída colocando em primeiro lugar a construção de um programa pro Rio. Talvez tenha sido esse o verdadeiro “pulo do gato” de Molon: entender que o momento nos cobra a proteção à nossa tão atacada democracia. E, por isso, são imprescindíveis todos os esforços republicanos para desalojar do poder aqueles que tanto querem destruí-la. Foi com isso em mente que o PSB abriu mão de uma candidatura própria, lançando-se, ao invés disso, na construção de uma agenda coletiva capaz de transformar a nossa cidade.

A vida republicana não é simples. A democracia é uma construção social que precisa constantemente de cuidados e reparos. E por isso faz-se tão importante falarmos sobre esta atitude de Molon, dada a conjuntura política do país. Que faça-se de exemplo a sua liderança e humildade, mas principalmente a sua visão acerca do que o Brasil precisa: diálogo, união, e, sobretudo, um projeto sólido para enfrentar as desigualdades que castigam nosso povo.

Que a aliança orquestrada por Molon e composta pela Delegada Martha Rocha e por Eduardo Bandeira de Mello – do PSB, do PDT e da Rede, respectivamente – sejam o ponta-pé inicial para os ventos de mudança, a despeito de quem será o alcaide carioca e o vice. Neste ano, precisamos juntos vencer Crivella. E este será o primeiro passo para a reconstrução do nosso querido e combalido Rio de Janeiro.

PDT, PSB e Rede lançam chapa única para enfrentar Crivella no Rio

Por Helid Raphael de Carvalho Junior, professor colaborador e pesquisador associado do Instituto de Estudos Estratégicos (INEST/UFF) e do Laboratório de Política Internacional (LEPIN/UFF). Mestre em Política pela PUC/RJ. Doutor em Ciência Política pela UFF.