Stálin e Trótski no Brasil do século XXI

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A razão profunda da eterna rinha de galo “stalinistas X trotskistas” no Brasil é a crença enganosa dos ditos “marxistas-leninistas” brasileiros de que a URSS era a pátria do proletariado mundial e que, portanto, as disputas internas de lá, mesmo as já superadas (e nesse caso vencida por Stálin) os afetam diretamente.

Independente do internacionalismo inerente ao ideário marxista, a URSS foi a pátria do proletariado soviético e somente dele, construída a partir da história do Império Russo e das condições reais propiciadas por essa organização política.

A única pátria possível ao trabalhador brasileiro é o Brasil. Podemos e devemos conhecer a experiência soviética, assim como várias outras experiências em virtualmente todos os países do mundo. É possível aprender e se engrandecer com todas elas, extrair regularidades, exemplos, inspirações. Naturalmente, teremos mais afinidade com alguns casos do que com outros e temos o direito de demonstrar isso dentro das margens de respeito à soberania dos outros países.

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Mas em hipótese alguma podemos esquecer que somos brasileiros, latino-americanos e do Terceiro Mundo. Não temos o direito de importar as identificações políticas alheias, temos que nos situar nas nossas. Se for para ter rinha de galo, que seja para uma luta nossa ou que nos diga respeito diretamente, como o golpe na Bolívia ou a desestabilização na Venezuela para derrubar o Maduro. A tentativa de revolução colorida a partir de Hong Kong também deve ser repudiada com veemência, pois a recolonização da China pelas potências norte-atlânticas seria algo desastroso para a gente e para todo o Terceiro Mundo.

É um tanto lamentável ver “tiro, porrada e bomba” por uma luta tão distante da gente, ainda mais uma luta que já acabou há muito tempo e que teve o melhor desfecho possível (desenvolvimento acelerado e vitória sobre o III Reich) para uma revolução comunista em um país naturalmente imperial (o que não é necessariamente igual a imperialista) como a Rússia.

Sim, Stálin matou muita gente, excessos podem ter sido cometidos, mas revolução é isso, não pode ser de outra forma e no final o saldo foi bem positivo para a Rússia e a Europa. Se Trotski faria melhor, é pura especulação, trabalho de romancista e não de historiador/cientista social.