Tem algo que não fecha na tática eleitoral de Ciro Gomes

ciro gomes
Imagem: Evaristo Sá/AFP
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Primeiro, goste ou não, o programa político dele tá mais próximo de uma ideia de socialdemocracia tropical que de um programa de direita. E ele tem certo nível de veto dos donos do poder.

Massa.

Numa situação como essa, para atrair partidos de direita como DEM e PSD para uma aliança, só com três condições: a) uma forte popularidade e competividade eleitoral; b) comandar um amplo bloco de partidos e governantes de cidades estratégicas e estados; c) ser o candidato preferido da banca (latifúndio, monopólios de mídia, bancos, Fiesp, Febraban etc.).

Duvido muito que a condição c) se realize e Ciro seja em algum momento da vida o candidato preferido do establishment; a condição b) não existe. O “bloco” com Rede e PSB é mais uma ficção que realidade. Primeiro que a Rede tá sumindo e segundo que só acredita na coerência e confiabilidade do PSB quem não conhece nada da dinâmica desse partido (sem tempo para abordar isso em detalhes agora).

Resta, porém, a condição a). Ciro chegar em 2022 com tal nível de competitividade eleitoral que os partidos de direita tradicional, como DEM e PSD, se descolocam para ele na certeza de que vão ter a companhia do vencedor.

É possível Ciro chegar com essa força eleitoral em 2022? Possível é – na real, tudo é possível, no plano abstrato. Mas é provável? Me parece que não. Eu apostaria, inclusive, que Ciro não chega nem com os tradicionais 8 ou 10% de expectativa de voto que ele apresenta em todo início de eleição.

Nesse sentido, o que faria, por exemplo, DEM e outros partidos da direita preferirem fechar com Ciro Gomes e seu PDT ao invés de um João Dória do PSDB ou outro candidato da ordem com algum nível de competividade?

Parece uma repetição em longa duração do que aconteceu em 2018. Esses partidos, e o DEM em particular, usaram o flerte com Ciro Gomes para valorizar o passe. Aliás, em 2018, Ciro foi o “valoriza passe” por excelência: PSB, PCdoB e DEM que o digam.

Para observar.