Trump acaba de declarar Brasil aliado preferencial extra-OTAN

O Brasil acaba de ser declarado um aliado preferencial extra-OTAN pelos Estados Unidos da América, através de um memorando assinado pelo presidente norte-americano Donald Trump e enviado ao Secretário de Estado Mike Pompeo.
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O Brasil acaba de ser declarado um aliado preferencial extra-OTAN pelos Estados Unidos da América, através de um memorando assinado pelo presidente norte-americano Donald Trump e enviado ao Secretário de Estado Mike Pompeo.

De acordo com o memorando da Casa Branca, ao ser classificado na categoria o Brasil adquire vantagens para adquirir tecnologia militar dos Estados Unidos. Esse evento surge como consequência da visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos no início do ano, quando as conversas sobre o tópico foram iniciadas.

É, na verdade, o segundo resultado daquele encontro entre os dois presidentes. Dois meses atrás, os EUA apoiaram publicamente a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Em 2018, a Colômbia adquiriu o status de parceiro global da OTAN, uma espécie de aliança estratégica voltada à cooperação militar que não implica em participação em ações militares. O caso brasileiro é de outra natureza, porém alcança o mesmo efeito de maior institucionalização da proximidade entre um país sul-americano com os Estados Unidos.

Outros países se encaixam na categoria de aliado preferencial como o Brasil. São os casos de Japão (1989), Israel (1989), Argentina (1998), Taiwan (2003), Paquistão (2004) e Tunísia (2015), por exemplo. Com a adesão do Brasil, dezoito países fecham essa conta.

Esse movimento indica um avanço dos objetivos da política externa dos EUA, ao mesmo tempo em que se iniciam conversas entre o governo norte-americano e o governo brasileiro a respeito de um acordo de livre-comércio, como o alcançado entre Mercosul e União Europeia.

Trata-se de mais um passo na direção da construção de um bloco “americano” globalizado, que no entanto compete com um bloco mais propriamente “europeu”, sob liderança alemã, e um bloco “asiático”, sob liderança chinesa.

Os eventos parecem apontar cada vez mais para um afrouxamento das relações militares entre EUA e Europa (o Reino Unido, em meio ao Brexit, parece pender para o lado norte-americano), ao mesmo tempo em que o livre-comércio se retrai em nível global para dar lugar a um livre-comércio regionalizado. Do lado de fora dos comércios regionais, reina a guerra comercial entre EUA e China que arrasta o restante do mundo.

As cores desse novo mosaico geopolítico e econômico ainda não estão claras. Ainda há que se considerar certa distância e competição em nível ocidente (EUA, Europa e a zona periférica latino-americana) X oriente (Eurásia, com exclusão do Japão e da Coréia do Sul, que se aproximam do bloco ocidental). Exceções sempre podem ser visualizadas em cada caso: o mundo está em profunda transformação.

O Brasil parece se aproximar de uma adesão ao bloco subordinado aos Estados Unidos, porém ainda é um país em disputa, assim como grande parte da América do Sul vive uma etapa de incerteza em termos de alinhamento. China, Rússia e União Europeia continuam sustentando seus interesses diversos e conflitantes por aqui.