Um balanço do Debate SBT/Folha

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O debate organizado pelo SBT em parceria com a Folha de São Paulo e o portal UOL foi realizado nesta quarta feira (26). O horário do debate é uma piada de mal gosto. Com a desculpa de “ser assistido pelos brasileiros que dormem cedo” o debate começou às 18 horas, horário em que a maioria dos trabalhadores do Brasil ainda não está em casa. Curiosamente, um horário em que o SBT possui uma brecha na programação e transmite reprises de pouca audiência. O espectador dorme, o SBT não.

O debate foi propositivo. Conseguimos ouvir alguma proposta que não fosse advinda de moralismo difuso ou prosa eleitoreira.

Haddad fez sua estréia oficial sendo um porta voz do PT. Não falou de sua gestão em São Paulo e cumpriu o papel para que fora designado:  dar uma cara renovada ao lulismo caduco.

A primeira pergunta destoou do resto do debate. Guilherme Boulos definitivamente sai menor do que entrou nesta eleição. O homem que começou a jornada sendo chamado de “novo Lula” ficou pasteurizado e fez uma campanha apagada, pregando pra meia dúzia de convertidos. A sua primeira pergunta foi deselegante e se prestou a um papel nocivo a democracia brasileira. Alckmin não é Cabral, como disse Boulos. E esta coluna possui profundo desprezo pelo governador paulista. Contudo, dizer que Alckmin “é um Cabral que não está preso “ não passa de bravata tacanha. É diminuir a política pro udenismo que produziu Bolsonaro. Uma postura que setores da esquerda ainda não aprenderam a lutar contra. Além de tudo, é deselegante chutar cachorro morto.

Os jornalistas convidados – Fernando Canzian, Debora Bergmasco –  foram bem. Fizeram Haddad dar a entender que irá visitar Lula toda segunda-feira, Boulos admitir que não tem a menor noção como aprovar projetos, caso eleito.  Ainda apontaram as inconsistências de Marina, fizeram Ciro Gomes se indispor com o PT, apontaram desvios éticos na equipe do “incorruptível” Alvaro Dias e levantaram a bola para o Cabo Daciolo, o melhor do debate, brilhar.

O discurso de Daciolo é verdadeiramente humanista. Não digo os percalços messiânicos tampouco nas teorias da conspiração .  Daciolo denunciou o erro da sociedade brasileira em não abraçar seu próprio povo, quando perguntado sobre cotas. Antes, havia acusado os banqueiros – referindo-se à Meirelles – de matar nosso povo às custas de juros draconianos.  Defendeu o Estado como indutor do desenvolvimento e no combate às desigualdades. Falou às mães – citando a sua – e aos homens simples como ele. Um homem bom. O PSOL perdeu um grande quadro.

Esta coluna ficou mais de dez minutos pensando o que falar sobre Alckmin. Sua participação foi seu espelho: apagada e cansativa. É isso

O banqueiro Henrique Meirelles protagonizou o momento mais cômico do debate. Ao ser chamado – pelo que é – de banqueiro pelo cabo Daciolo, disse a seguinte frase :
“ eu nunca fui banqueiro, eu fui bancário”. Um disparate ao povo brasileiro. Uma mentira explícita, de quem sabe que as maldades do sistema financeiro não angariam votos. Seu melhor momento foi quando – acreditem se quiser – foi puxado por Fernando Haddad, que o creditou louros da política econômica do governo Lula. A dobradinha PT-PMDB que o Brasil conhece.

Marina foi bem. Eloquente, fez uma fala próxima da mulher brasileira, tão cobiçada pelos candidatos atentos aos números.

Ciro sentiu o peso de ter sido operado há menos de 15 horas. Estava cansado. Não deslizou e foi propositivo. Mas visivelmente cansado.

Álvaro Dias não merece menção.

O próximo debate será na TV Record, domingo, às 22 horas. Será coberto por esta coluna.