VAZA-JATO: Lava-Jato obteve dados fiscais ilegalmente com ajuda do presidente do COAF

Sérgio Moro e Roberto Leonel
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Mensagens obtidas pelo Intercept e reveladas hoje (18) pela Folha apontam que integrantes da Operação Lava Jato em Curitiba solicitaram, em diversas ocasiões nos últimos anos, informações fiscais de suspeitos sem requisição formal e sem que a quebra de sigilo fiscal tivesse sido autorizada pela Justiça.

As conversas mostram que procuradores da força tarefa usaram o aplicativo de mensagens Telegram para driblar os limites legais e buscar dados sigilosos da Receita Federal de “maneira informal”.

O auditor fiscal Roberto Leonel seria contato dos procuradores dentro da Receita. Leonel chefiou a área de inteligência da Receita em Curitiba até 2018 e, no ano seguinte, tornou-se presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no governo Bolsonaro.

As mensagens analisadas mostram como a força-tarefa estabeleceu com Leonel uma relação muito próxima, procurando-o até mesmo para verificar hipóteses sem qualquer elemento objetivo que justificasse o acesso aos dados fiscais.

A reportagem enfatiza que as conversas examinadas não permitem saber se o auditor atendeu aos pedidos dos procuradores, mas demonstram que Leonel era procurado quando a operação recebia dicas de terceiros ou não detinha informações suficientes para solicitar a quebra de sigilo à Justiça.

Em 2016, os procuradores fizeram diversas solicitações no decorrer das investigações que envolviam as reformas do sítio de Atibaia, caso que levou à segunda condenação de Lula. Os procuradores pediram informações sobre a nora do ex-presidente, sobre o caseiro do sítio e sobre compras de Dona Marisa Letícia.

Também em 2016, o procurador Athayde Ribeiro Costa pediu ao auditor que verificasse se seguranças de Lula haviam comprado uma geladeira e um fogão em 2014. A hipótese era de que os eletrodomésticos teriam sido levados para o tríplex no Guarujá. O procurador enviou a Leonel os nomes de oito seguranças que trabalhavam para Lula e duas lojas. Não se sabe se a solicitação foi atendida.

Confira aqui a íntegra da reportagem.