VAZA-JATO: Moro e Dallagnol impediram a delação de Eduardo Cunha

VAZA-JATO: Moro e Dallagnol impediram a delação de Eduardo Cunha
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Divulgados nesta sexta-feira (05), os novos vazamentos de diálogos entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, e os procuradores da Lava-Jato mostram que o ex-juiz era contra a delação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB).

É mais uma evidência das inúmeras ilegalidades cometidas por Moro, que interferiu no trabalho do Ministério Público Federal e atuou como orientador dos procuradores da Operação, no intuito de fortalecer a acusação.

Em 12 de junho de 2017, o procurador Ronaldo Queiroz cria um grupo no aplicativo Telegram para avisar que foi procurado pelo advogado de Cunha para dar início a uma negociação de delação premiada.

Queiroz afirma que as revelações poderiam ser de interesse dos procuradores de Curitiba, Rio de Janeiro e Natal, onde tramitavam ações ligadas ao político. Cunha teria prometido falar sobre sobre Temer e pelo menos mais 50 deputados, senadores e ministros, entre outros políticos.

Em 5 de julho, os procuradores teriam concordado em marcar uma reunião com o advogado Délio Lins e Silva Júnior para o próximo dia 11.

Naquele mesmo dia, às 23h11, Moro envia mensagem para Dallagnol o questionando sobre a possível delação:  “Rumores de delação do Cunha… Espero que não procedam”. O procurador responde que são “só rumores que não procedem. Cá entre nós, a primeira reunião com o advogado para receber anexos (nem sabemos o que vira) acontecerá na próxima terça. estaremos presentes e acompanharemos tudo. Sempre que quiser, vou te colocando a par”.

Então, o ex-juiz agradece se o procurador o mantiver informado e finaliza afirmando ser contra a delação: “Agradeço se me manter (sic) informado. Sou contra, como sabe”.

Em 28 de julho, com os anexos de Cunha em mãos, Queiroz propõe aos colegas uma análise para decidirem se aceitariam ou não a delação. No dia 30, Queiroz afirma que o material era fraco. No dia 31, um procurador que seria Orlando Martello Júnior, de São Paulo, afirmou: “Achamos que o acordo deve ser negado de imediato”.

Um mês após a conversa entre Moro e Dallagnol, a proposta de delação de Cunha foi rejeitada pela Lava-Jato.

Após a publicação dos novos diálogos, a assessoria de Moro afirmou que: “Acusa a Veja o ministro, então juiz, de ter obstaculizado acordo de colaboração do MPF com o ex-deputado Eduardo Cunha. Ocorre que eventual colaboração de Eduardo Cunha, por envolver supostos pagamentos a autoridades de foro privilegiado, jamais tramitou na 13ª Vara de Curitiba ou esteve sob a responsabilidade do ministro, então juiz.”