Viktor Orbán e a esquerda europeia

O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, considerado de extrema-direita, estatizou bancos estrangeiros e os fundos de previdência, tornou o Banco Central húngaro relativamente independente do europeu, baixou os preços das utilidades públicas, criou um programa de financiamento imobiliário para casais adquirirem sua própria casa, dando mais vantagens para aqueles que tiverem ou pretenderem ter mais filhos, e também criou um fundo de reconstrução de cidades no Iraque e na Nigéria para evitar que as pessoas desses lugares emigrem.
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O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, considerado de extrema-direita, estatizou bancos estrangeiros e os fundos de previdência, tornou o Banco Central húngaro relativamente independente do europeu, baixou os preços das utilidades públicas, criou um programa de financiamento imobiliário para casais adquirirem sua própria casa, dando mais vantagens para aqueles que tiverem ou pretenderem ter mais filhos, e também criou um fundo de reconstrução de cidades no Iraque e na Nigéria para evitar que as pessoas desses lugares emigrem.

As políticas de Orbán assemelham-se às adotadas pelos social-democratas europeus nos tempos áureos da social-democracia, e em alguns casos, como a assistência aos países arrasados pelas potências ocidentais, ainda vai mais à esquerda do que aqueles jamais foram. Não admira que Orbán seja um líder popular e querido no seu país e mesmo por muita gente fora dele, ao mesmo tempo que seja difamado e achincalhado pela grande mídia ocidental e pelos “bons democratas” ocidentais, todos controlados pelos financistas aos quais Orbán se opõe.

Enquanto isso, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, considerado baluarte da esquerda “autêntica”, defende, de forma patética, a resignação à União Europeia, ao euro e ao austericida Tratado de Maastricht para “salvar a democracia” da “extrema-direita” representada por Orbán e outros. Para ele, renunciar à soberania nacional e ao Estado de bem estar, submetendo-se ao financismo alemão, é “salvar a democracia”.

Essa posição é compartilhada por TODA a esquerda da Europa ocidental de uns trinta anos para cá, sem exceção. Não admira também que a esquerda europeia, outrora baluarte de modelos sociais, esteja deixando de ser uma força política significativa em muitos países europeus.

E, mais escandaloso ainda, as lideranças de esquerda no Brasil ainda têm na ex-querda europeia uma fonte de inspiração (principalmente na “Geringonça” portuguesa, que, por se opor à saída da União Europeia, não é uma alternativa nem para o seu país), sem que tenhamos uma “extrema-direita” minimamente parecida com a húngara.