Vladimir Safatle não tem nada a propor para o povo

vladimir safatle não tem nada para propor maio de 1968
Botão Siga o Disparada no Google News

Para Vladimir Safatle e tantos outros da esquerda que o El Pais gosta, só a contradição, a “luta” e a “revolução” em abstrato, sem propósito concreto, têm valor. A síntese, a resolução de problemas e a organização político-institucional da Nação, que necessariamente envolvem algum grau de conciliação e reconhecimento de limites objetivos, são “populismo” e/ou “totalitarismo”.

Mas as pessoas comuns querem ter ou manter um emprego, têm que comprar comida, têm contas para pagar, filhos pequenos para criar, pais idosos para cuidar. Elas precisam de um mundo estável e desenvolvido para viverem com dignidade e esperança, não de um Maio de 68 sem fim.

vladimir safatle não tem nada para propor maio de 1968

Ao contrário da França (cujo povo Safatle elogia pela “combatividade”), país desenvolvido onde muita gente pode “lutar” porque o emprego formal ainda é a regra e a maioria ainda pode contar com um sindicato, no Brasil, onde mais da metade da população economicamente ativa é informal ou desempregada e nunca viu um sindicato, a verdadeira “luta” é a que cada um tem que travar todo dia para conseguir algum cascalho e não ser despejado do muquifo que aluga nem ter que ouvir do filhinho “mamãe/papai, estou com fome”.

Para essa gente, Safatle não tem nada para propor, mas os “populistas” (segundo Safatle) Getúlio, Perón, Chávez, Cristina Kirchner e o Lula tinham ou têm. Só um nacional-desenvolvimentismo sério vai tirar essa gente da pindaíba, não com palhaçada de liberar a “potência selvagem dos corpos” mas, isso sim importante, com empregos de qualidade, direitos trabalhistas, aposentadoria decente, moradias dignas, boas escolas públicas integrais, bons hospitais, asilos e por aí vai.

O Brasil precisa de desenvolvimento e de “populismo” para que as pessoas não precisem mais “lutar” (como Safatle felizmente nunca precisou) e possam viver ordeira e confortavelmente como pacatos e medíocres franceses antes de Maio de 68 começar toda a destruição neoliberal que tornou inevitável a “luta” do povo francês hoje, luta que maravilha Safatle mas que os franceses não queriam lutar – eles também preferem o “populismo”, no caso deles gaullista.